A isaac — uma startup que ajuda escolas a gerir seu fluxo financeiro — acaba de levantar US$ 125 milhões numa rodada que vai financiar sua ambição de se tornar o ‘sistema operacional’ do ensino básico.
A Série B, de quase R$ 700 milhões ao câmbio de hoje, foi liderada pela General Atlantic e teve a participação do Softbank Latin America Fund e da Kaszek. A GA e Kaszek já haviam injetado capital na isaac em março.
A isaac foi fundada pelos amigos de infância David Peixoto e Ricardo Sales há pouco mais de 14 meses.
David, um ex-banqueiro de investimentos do Credit Suisse, tornou-se CFO da Arco Educação em 2014. De lá pra cá, ajudou a companhia a fazer o IPO na Nasdaq e serviu no conselho até agosto do ano passado, quando saiu para fundar a isaac.
Já Ricardo trabalhou no IB da Goldman Sachs antes de entrar na General Atlantic, onde ficou por sete anos, tendo liderado o investimento na Arco.
A isaac criou uma plataforma que mescla software com banking para ajudar os donos de escola a gerir seu fluxo financeiro, um processo até agora feito com papel e caneta.
“Na maioria das escolas que atendemos era tudo analógico!” David disse ao Brazil Journal. “O mantenedor mandava o boleto para os pais e fazia toda a reconciliação na mão… Muitos deles tinham um caderno, onde iam anotando e controlando o fluxo financeiro.”
A isaac digitalizou esse processo de envio e reconciliação dos boletos e criou uma solução que garante à escola o recebimento das mensalidades. Se um pai atrasar o pagamento, a startup cobre o valor, dando mais previsibilidade às receitas. (A escola paga uma taxa por isso.)
“Só esse produto já destravou investimentos: muitas escolas tinham medo de comprometer R$ 30-40 mil por mês num projeto de expansão porque a receita mensal não era linear,” disse o fundador.
A isaac já atende 400 escolas, que somam mais de 150 mil alunos, e vai fechar o ano com um GMV de R$ 1 bilhão. A meta de médio prazo é chegar a 10 mil escolas, quando a plataforma estaria transacionando mais de R$ 30 bi/ano.
No modelo atual, a isaac ganha um fee mensal por aluno pelo uso do software e também fica com uma comissão em cima das mensalidades.
Com os recursos da rodada, um dos planos é levantar um FIDC — inicialmente com capital próprio — para financiar os projetos de expansão das escolas, criando uma terceira linha de receitas na startup.
“Todo dono de escola tem vontade de comprar o terreno do lado pra expandir, mas eles não fazem isso porque é difícil conseguir crédito no banco,” disse David. “Eles precisariam juntar caixa por muitos anos pra ter esses recursos.”
A isaac vai usar os dados financeiros a que tem acesso para conseguir dar esse crédito de forma rápida e com uma precificação mais assertiva.
A startup também planeja adicionar mais ferramentas à sua plataforma dentro de uma visão de se transformar no ‘sistema operacional’ do ensino básico — incluindo uma conta digital PJ e uma solução de analytics que dê mais visibilidade sobre as dinâmicas de precificação das mensalidades e as informações das turmas.
“Hoje as escolas não têm visibilidade nenhuma da distribuição de preços dentro das diferentes turmas, da margem bruta de cada uma delas, de quanto os pais estariam dispostos a pagar, ou da relação entre o preço da mensalidade e a captação de alunos,” disse David. “A escola não consegue prever, por exemplo, quanto aumentaria sua captação se ela diminuísse a mensalidade em R$ 200.”
Depois que ganhar escala (atingir as 10 mil escolas), outro plano é ajudar seus clientes a captar mais alunos. Segundo David, a ociosidade nas escolas privadas está em cerca de 30%.
“São mais de 2,5 milhões de assentos vazios, e o custo marginal desses assentos para as escolas é muito baixo… valeria muito a pena atrair alunos para preencher essa lacuna dando um desconto grande.”