A EXA — a gestora de ativos alternativos do ex-executivo da XP Pedro Mesquita — acaba de comprar 80% do capital da Seiwa, dona de uma plataforma de gestão de repasses entre hospitais e médicos e de antecipação de recebíveis. 

O investimento será faseado. Num primeiro momento, a EXA está aportando R$ 25 milhões, mas o valor pode chegar a R$ 100 milhões dependendo do atingimento de KPIs operacionais como o número de médicos e hospitais cadastrados.

O contrato prevê ainda uma cláusula antidiluição: independente do valor final aportado, a EXA ficará com 80% das ações, com o fundador Luiz Eduardo Machado mantendo com os 20% restantes. 

“A Seiwa já estava trazendo as maiores redes do setor, mesmo sem levantar recursos,” Mesquita disse ao Brazil Journal. “Entre as startups desse mercado, ela é a que mais entrega valor para a cadeia, tanto para os hospitais quanto para os médicos. Achamos que é o melhor cavalo para montar.”

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A Seiwa já fechou contrato com três redes listadas de hospitais — Mater Dei, Oncoclínicas e Kora Saúde — e está finalizando a integração com o Sírio Libanês. Ela também atende o Hospital dos Olhos. No total, são mais de 20 hospitais usando a plataforma.

Na outra ponta, a Seiwa tem acesso à base de mais de 30 mil médicos, conseguindo visualizar e gerir seus dados de produção e repasse. Desse total, 5 mil médicos se cadastraram no aplicativo, o que permite à empresa oferecer sua solução de antecipação de recebíveis.

“Conseguimos gerar valor nas duas pontas. O hospital não conseguia dar transparência dos repasses para os médicos, o que gerava insatisfação e, muitas vezes, fazia com que os médicos não quisessem trabalhar mais com aquele hospital. Já os médicos tinham dificuldade de fazer a gestão dos seus repasses,” disse Luiz, o fundador. “Além disso, a possibilidade de antecipar os repasses, que em geral tem um prazo médio de 90 dias, é muito interessante para eles.”

Na antecipação de recebíveis, a Seiwa compete hoje com startups como a Fin-X, que recebeu recentemente um aporte de R$ 14 milhões liderado pelo Atlantico, e com a Caveo, que captou R$ 20 milhões com a Kortex. 

Luiz fundou a Seiwa em 2020, depois de ter passado outros quatro anos como sócio e executivo de uma startup chamada SVA Tech, que usava IA para melhorar os processos industriais. 

No início, ele apostou no modelo B2C, tentando acessar os médicos diretamente — mas teve dificuldades para escalar o negócio.

A decisão de ‘pivotar’ para o B2B veio em 2023, quando o Mater Dei procurou a startup buscando uma forma de melhorar seu relacionamento com os médicos. 

“Fomos fazer benchmark com outros 50 hospitais para ver se esse era um problema só do Mater Dei ou se era algo geral do setor. Quando vimos que todos os hospitais tinham as mesmas dores passamos um ano desenvolvendo esse interface B2B2C da gestão de repasses, e fomos criando outras ferramentas como fluxo automatizado de pedido de nota fiscal, canal de abertura de chamado para os médicos e medição de NPS,” disse ele. 

Leonardo Bortoletto, o gestor da EXA responsável pelo investimento, disse que a tese para a Seiwa é dividida em dois atos. 

O primeiro é expandir os produtos atuais da empresa — a gestão de repasses e a antecipação de recebíveis. Já o segundo ato é acrescentar outros produtos financeiros para os médicos, como seguros, plano de saúde, consignado da folha de pagamento, investimentos e Pix.

“Tem dois perfis de médicos hoje: o médico cirurgião, que ganha uns R$ 50 mil por mês e está muito bem bancarizado; e os médicos plantonistas, recém-formados, que são a maioria e ganham uns R$ 20 mil, R$ 25 mil. Esse médico gera bastante receita, mas é mal bancarizado, então tem uma oportunidade de crescer aí.” 

Segundo ele, a ideia seria começar esse ‘segundo ato’ daqui um ano a um ano e meio. “Mas no longo prazo, acreditamos que esse ecossistema de produtos financeiro vai ser a maior receita da companhia.”