Uma das redes de varejo de moda mais tradicionais da Europa está prestes a levar ainda mais a sério o ‘Made in China’. A revista alemã Der Spiegel disse no fim de semana que os donos da C&A estão próximos de fechar a venda da companhia para investidores chineses.
Fundada em 1841 na pequena cidade de Sneek, na Holanda, pelos irmãos Clemens e August Brenninkmeijer (daí o nome C&A), a rede ainda é controlada com mão de ferro pela família por meio da holding Cofra, baseada na Suíça.
Com uma fortuna estimada em mais de € 25 bilhões, os Brenninkmeijer são a família mais rica da Holanda — e uma das mais discretas controladoras da Europa.
A C&A não tem capital aberto e não divulga seus balanços. Mas nos últimos anos está sob pressão, de um lado, da concorrência crescente de outras empresas de fast fashion, como Zara e Primark, e de outro, do avanço do ecommerce.
Há poucos detalhes sobre o desempenho financeiro dos negócios, que incluem ainda serviços financeiros, imobiliários e de private equity. Uma cartilha rígida assegura que todos os herdeiros entrem em posições de liderança na holding e/ou nas subsidiárias ainda jovens, garantindo que a companhia seja toda controlada pela família.
Reagindo à notícia da Der Spiegel, a Cofra deu a entender que o negócio com os chineses pode incluir uma venda apenas parcial. Em nota, a holding afirmou que está “comprometida com o sucesso e futuro da C&A” e que “a transformação em curso inclui a busca por formas de acelerar em áreas prioritárias de alto crescimento, como a China, mercados emergentes e plataformas digitais e que pode, potencialmente, incluir parcerias com outros tipos de investimentos externos adicionais”.
A C&A entrou na China em 2007 e tem 84 lojas em 21 cidades. A companhia lançou o ecommerce por lá em 2014 e, segundo informações de seu relatório de sustentabilidade, as vendas online quadruplicaram nos últimos três anos e já representam 15% da receita no país.
Hoje, ao todo, a C&A tem quase 2 mil lojas (três quartos disto na Europa) e emprega mais de 60 mil pessoas. O Brasil, onde a empresa atua há 40 anos, é o mercado mais relevante fora do Velho Continente, com 280 lojas em 121 cidades. Estima-se que a companhia fature mais de R$ 4,5 bilhões no País.
Para arejar a companhia, no ano passado os controladores nomearam pela primeira vez um CEO de fora da família. Alain Caparros, que comandava a rede de supermercados alemã Rewe, assumiu como o No. 1 da C&A Europa em agosto.