A Sympla — a maior plataforma de venda de ingressos do Brasil e controlada pela Prosus, a dona do iFood — acaba de adquirir a Gandaya, uma tiqueteira de apenas três anos que se tornou “a queridinha da Geração Z,” nas palavras do CEO da Sympla, Rodrigo Cartacho.
A Sympla está comprando 100% da Gandaya, que é focada principalmente na venda de ingressos para festas. É ela que faz a venda, por exemplo, do réveillon Vai Tapajós, em Alter do Chão, e do réveillon Deliciaaa, na vila de Barrinha, no Piauí.
“A gente vem acompanhando eles há um bom tempo e o que eles fizeram é impressionante: eles acertaram esse nicho da Geração Z na veia e vem crescendo num ritmo muito acima do normal no nosso mercado,” Cartacho disse ao Brazil Journal. “Além disso, eles têm uma cultura parecida com a nossa, com um foco muito grande em tecnologia.”
A Gandaya foi fundada em 2022 por João Zsigmond, o Juca, e Rodrigo Coelho. Os dois se conheceram na faculdade de Engenharia da Computação e desenvolveram a plataforma do zero. Antes da Gandaya, Juca liderou a equipe de tecnologia da Mottu, a startup de aluguel de motos, enquanto Coelho trabalhou na Iris8, uma empresa de AI e visão computacional.
Cartacho disse que outro fator que atraiu a Sympla na Gandaya é que ela foi capaz de criar rapidamente um senso de comunidade. “Como ela é muito especialista, os eventos que estão lá dentro são muito parecidos entre eles, então ela acaba atraindo sempre o mesmo público, criando uma comunidade em torno dela,” disse o CEO.
Ao entrar no ecossistema da Sympla, a Gandaya deve conseguir acelerar ainda mais seu crescimento. Cartacho disse que a companhia terá acesso ao capital da Sympla, além dos produtos financeiros que ela oferece aos produtores — que, num cenário de juros a 15%, acaba sendo um diferencial importante para captar novos eventos.
“Eles vão ter acesso também a todos os nossos recursos de tecnologia. Eles tem um time bem enxuto hoje. Vamos ceder vários recursos para eles serem muito mais rápidos no desenvolvimento,” disse o CEO.
A Sympla não abre o valor da aquisição e nem a receita da Gandaya, mas diz que a empresa adquirida deve fazer um GMV de R$ 150 milhões no ano que vem.
Para efeito de comparação, a Sympla fez um GMV de quase R$ 3 bilhões nos últimos doze meses, posicionando-se como o maior player de venda de ingressos do Brasil, à frente da Ingresse, que espera fazer R$ 2,5 bilhões este ano.
Este não é o primeiro M&A da Sympla. A companhia — fundada em 2012 por Cartacho e outros dois empreendedores e adquirida pela Prosus quatro anos depois — sempre apostou em aquisições para crescer.
As maiores até agora foram a compra da Eventick, em 2016, que tinha um modelo parecido ao da Sympla; e a aquisição da tecnologia e dos contratos da Ingresso Rápido, em 2018, que era focada em venda de ingressos para teatros.
“M&A sempre foi um mecanismo de crescimento e de agregar valor pra gente, mas dentro da lógica de que 1 mais 1 tem que ser igual a 4,” disse Cartacho. “Temos olhado desde M&As dentro do nosso core até coisas adjacentes, que têm conexão com o mercado de eventos mas não são receita de tíquete. Temos olhado também coisas mais transformacionais, fora do nosso core.”
