A CI&T reportou um quarto trimestre com forte crescimento do top line e um guidance que surpreendeu o mercado, com a consultoria de transformação digital projetando o maior crescimento do setor para 2025.

Apesar disso, a ação da CI&T abriu em queda de mais de 4,5% na NYSE num dia de retração dos mercados. 

Um analista que cobre o papel disse que a ação negocia muito pouco e qualquer venda de fundo (que pudesse estar esperando o resultado) já faz preço. “Isso também aconteceu no terceiro tri, que foi um resultado espetacular,” disse ele. “Além disso, a CI&T passou a negociar a um prêmio sobre a Globant, que derreteu depois do resultado do quarto tri, e a Globant é o benchmark do setor.”

10743 e73e78a4 ab16 f8ee 74b6 d869bcd6144aA companhia brasileira viu sua receita líquida crescer 26% no trimestre para R$ 657 milhões, e entregou margens sólidas, com um EBITDA de R$ 128 milhões (margem de 19,8%). 

O top line veio no midpoint do guidance que a empresa havia passado, nas contas do BTG.

O guidance para o tri era de uma receita de entre R$ 620 milhões e R$ 655 milhões — mas a CI&T considerava um câmbio de R$ 5,55, em comparação ao câmbio de R$ 5,84 do período. Fazendo esse ajuste, o BTG diz que a receita ficou no meio do guidance, um pouco abaixo de sua projeção mais otimista.

O crescimento veio concentrado nos 10 maiores clientes da CI&T. O maior deles, o Bradesco, respondeu por 10% das receitas (R$ 64 milhões), crescendo quase 100% ano contra ano e 33% na comparação sequencial. 

Enquanto a receita da CI&T cresceu em R$ 34,3 milhões tri contra tri, a receita do Bradesco expandiu em R$ 16 milhões — o que significa que o banco contribuiu com quase metade do crescimento do trimestre. 

Já as receitas dos outros nove maiores clientes cresceu 30% ano contra ano e 1,4% no sequencial, enquanto a receita dos demais clientes cresceu 17% e 4%. 

O crescimento também foi concentrado no Brasil e nos EUA (+24,4% e +17%), com a receita da Europa caindo 11%. Na Ásia Pacífico, o crescimento foi de 16% ano contra ano. 

O CEO e fundador da CI&T, Cesar Gon, disse que foi um trimestre forte apesar do momento macro desafiador. “Creditamos isso ao movimento que fizemos nos últimos dois anos se nos posicionar como um player relevante de AI, lançando nossa plataforma CI&T Flow, de construção de agentes de AI,” ele disse ao Brazil Journal. 

“Também fizemos um trabalho de reskilling dos nossos 7 mil profissionais, para nos adaptar à engenharia de software no mundo da AI.”

Segundo ele, a CI&T fez esse movimento antes dos concorrentes, o que permitiu que ela capturasse melhor a demanda dos clientes por soluções de inteligência artificial. 

Gon disse que o pipeline do início do ano está muito forte, cerca de 30% maior que o do mesmo período do ano passado. 

Com isso, a CI&T passou um guidance forte para 2025, com a expectativa de um crescimento de 9% a 15% na receita líquida, em moeda constante, e uma margem EBITDA de 18% a 20%. 

Para o primeiro tri, a CI&T projeta uma receita de US$ 110,5 milhões, uma alta de 13% ano contra ano, em moeda constante, e de 24% em reais. 

“Essa é uma notícia muito boa, porque alguns investidores temiam que a rentabilidade pudesse ser afetada pelo restabelecimento gradual do imposto sobre a folha de pagamento, e o guidance deixa claro que o dólar forte e outros ganhos de eficiência vão compensar qualquer impacto,” escreveu o BTG. 

O banco disse ainda que o guidance reforça o momentum operacional positivo da companhia, e faz da CI&T “oficialmente a companhia de maior crescimento do setor.”