11944 559a3af8 520b 53df 54f9 80ac52efcaceHenry Kissinger, o ex-Secretário de Estado dos EUA e um dos maiores estrategistas geopolíticos da história moderna, morreu agora à noite aos 100 anos de idade.

Talvez o maior expoente da realpolitik, Kissinger ajudou Nixon a abrir a China, forjando as relações que pavimentaram o caminho para a globalização, e começou a détente com a União Soviética, moldando a vitória dos EUA na Guerra Fria.

Kissinger serviu como Secretário de Estado e Conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos nos governos Nixon e Gerald Ford.

Responsável pela estratégia que fez a China romper com a antiga União Soviética, sair do isolamento político e econômico e iniciar uma longa trajetória rumo ao desenvolvimento econômico, Kissinger ainda estava no jogo: em julho, fez uma visita surpresa ao presidente chinês, Xi Jinping, que o recebeu de maneira calorosa. O encontro foi, por si só, um evento de relevância ímpar num momento de relações estremecidas entre as duas potências.

A comunidade internacional viu a visita de Kissinger como uma iniciativa informal do presidente Joe Biden, uma tentativa de fazer um aceno diplomático ao governo chinês sem recorrer aos canais tradicionais da diplomacia, diante de uma opinião pública nos EUA majoritariamente desfavorável a uma relação amigável com os chineses.

Ainda que nada oficial tenha sido divulgado sobre o conteúdo da conversa entre Kissinger e Xi Jinping, o mundo entendeu que americanos e chineses se revelaram dispostos a negociar uma trégua na “guerra fria” que tomou conta das relações entre os dois países nos anos recentes. Com a morte de Kissinger, EUA e China terão que se relacionar na ausência daquele que, há 49 anos, fazendo uso apenas da diplomacia, convenceu os chineses a abandonarem a opção pela pobreza absoluta de sua população e a optarem pelo caminho da reconstrução econômica.

Se é verdade que a história é feita pelo conjunto das sociedade — e não pelo engenho de uma  pessoa só — Kissinger foi uma exceção. Integrou um governo cujo presidente, envolvido num enorme escândalo de corrupção, foi o primeiro da história americana a renunciar. Apesar disso, conseguiu o impensável: tirar os Estados Unidos do maior vexame geopolítico de sua história — a guerra do Vietnã — e dar um passo crucial no triunfo do Ocidente na Guerra Fria travada contra o bloco soviético desde o fim da Segunda Guerra.

Ao mesmo tempo, seu impacto no mundo moderno fez de Kissinger um homem controverso. Agora à noite, ao anunciar sua morte, a revista Rolling Stone colocou na manchete: “Henry Kissinger, War Criminal Beloved by America’s Ruling Class, Finally Dies.”

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