A economia americana está começando a dar sinais positivos e a expectativa é que o Fed já esteja no final do ciclo aperto monetário, que impacta significativamente o comportamento dos agentes econômicos e os incentivos para os investimentos.

É essa pelo menos a visão de Luis Stuhlberger, o CEO e CIO da Verde Asset.

“A economia americana foi alvo de enormes surpresas este ano, em comparação às expectativas que o mercado tinha seis meses atrás,” disse Stuhlberger, durante o episódio #175 do Insights, o podcast do Bradesco.

O gestor lembrou que a alta de juros nos EUA, que foi de zero para 5,5% ao ano, ocorreu numa velocidade sem precedentes na história americana. “Já houve juros nominais mais altos, em 1980 e 2000, mas não com essa velocidade de elevação,” disse Stuhlberger, lembrando que estávamos com juros extremamente negativos na ponta curta e na ponta longa desde 2008. “Quando você acostuma os agentes econômicos a esse tipo de juros, os incentivos de investimentos mudam.”

Para ele, quando ocorre um choque de realidade desta magnitude, a expectativa é que as consequências sejam bem piores do que as que estão acontecendo agora. “Com as expectativas de inflação cedendo e valuations extremos, as oportunidades de renda fixa estão atrativas para o segundo semestre deste ano,” disse o gestor.

No podcast — que teve a participação do CEO da Bradesco Asset, Bruno Funchal, e do head de soluções de investimentos da Bradesco Asset, Adilson Ferrarezi — Stuhlberger também fez avaliações sobre os últimos ciclos econômicos no Brasil e no mundo, e falou sobre as expectativas para os próximos anos.

Cenário local

Para o Brasil, Stuhlberger espera que os próximos dois anos sejam positivos, especialmente por conta do arcabouço fiscal que — apesar dele não considerar o modelo perfeito — vai permitir ao governo ganhar tempo. “Estamos com um bom otimismo, porém com prazo definido,” disse Stuhlberger.

O Brasil também pode ter um crescimento bem mais forte do que o mercado espera, segundo ele. Isso pode acontecer por conta do ciclo de reformas feitas durante os anos de 2017 a 2019 e um ambiente externo que tende a ser mais tranquilo. “Com o controle da inflação e a taxa de juros caindo, possivelmente chegando a 8,5%, 9%, podemos dar um salto de crescimento e ter um risco de cauda positivo.”

Ferrarezi lembra que quando o assunto é reformas os dois ciclos no início deste ano contribuíram para tornar o cenário nacional mais ameno. “Tínhamos uma ventania e incerteza em relação ao arcabouço fiscal e a reforma tributária. Hoje, é uma brisa com perspectiva melhor para o segundo semestre,” disse Ferrarezi.

Funchal concorda que as reformas do passado ainda devem ter um impacto na economia nacional. “Tivemos uma sequência muito boa de reformas e não pudemos aproveitar por conta da pandemia, guerra ou mesmo de ruídos internos políticos.” Além disso, diz ele, ao se falar numa reversão à média, a nossa média segue uma tendência para cima. “Se olharmos o ciclo desde o fim da década de 1990 até agora, temos tido melhoras consistentes, apesar dos ciclos que temos observados,” disse Funchal.

Sobre câmbio, Stuhlberger disse que “tendo um arcabouço bem decente, como temos, ainda dá para surfar comprado em real e vendido em dólar.”

Confira a entrevista completa do podcast Insights #175 em todas as plataformas e também no YouTube do banco Bradesco.

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