O Conselho Global de Clientes da McKinsey conversou com mais de 200 CEOs em todo o mundo para entender os principais assuntos que os preocupam. Compilamos essas conversas em uma lista com os 7 temas que estão na cabeça destes CEOs globais este ano.

1 – Maior ênfase no crescimento, mantendo a lucratividade

O contínuo crescimento mundial, apesar das previsões de desaceleração em 2019, aumentou as expectativas dos conselhos, que estão pedindo aos CEOs para pensarem em como fazer seus negócios crescerem agressivamente via regiões e verticais. Os mercados também esperam alto desempenho das empresas, e aqueles que não conseguirem entregar serão punidos. Muitos dos “unicórnios” (empresas avaliadas em mais de US$ 1 bilhão) não são lucrativos e queimam centenas de milhões de dólares, colocando uma pressão extra sobre as empresas estabelecidas.

2 – Velocidade das transformações e realocação de capital

As companhias precisam se reinventar e se transformar rapidamente, de acordo com um novo ritmo imposto por múltiplas inovações, como blockchain, realidade virtual, inteligência artificial e machine learning. Praticamente todas as empresas líderes tem alguma iniciativa de transformação digital em andamento. Para tornar o cenário ainda mais desafiador, conselheiros e acionistas esperam que os CEOs saibam fazer mudanças rápidas se um investimento não estiver funcionando e realoquem o capital também conforme necessário (e em alta velocidade).

3 – A luta por talentos qualificados e ambiciosos

CEOs entendem talento em dois grandes mundos: pessoas técnicas e de gestão, com alguns sugerindo que um ou outro são o diferencial.  Dada a velocidade das mudanças e os novos modelos de negócio, muitos dos talentos considerados como de grande impacto ainda são escassos (por exemplo, cientistas de dados). Com níveis de desemprego baixos a nível recorde nos EUA e na Europa, a luta pelos bons talentos está se tornando cada vez mais acirrada, já que pessoas ambiciosas costumam ter muitas opções para escolher. Neste sentido, a diversidade é um diferencial para ganhar esta luta, assim como não é possível prescindir nem de técnicos nem de gestores de grande potencial. 

4 – Eficiência operacional, automação e seus impactos no futuro da força de trabalho

O uso de tecnologias para otimizar custos e aumentar a eficiência operacional e a competitividade é um caminho sem volta. No entanto, esse movimento deve gerar impactos profundos na força de trabalho.

Pesquisas da McKinsey sugerem que 15% da força de trabalho global (400 milhões de trabalhadores) poderiam ser substituídos pela automação. Por outro lado, o número de empregos obtidos através do crescimento econômico antecipado e do aumento da demanda por determinadas categorias de trabalho podem variar de 21% a 33% da força de trabalho global, mais do que compensando as perdas de emprego.

Apesar da perspectiva positiva, essa transição não acontecerá de maneira suave ou uniforme, e poderá ser turbulenta. Encontrar como gerir esta transformação de maneira inclusiva e responsável tira o sono de muitos executivos.

5 – Aumento do ativismo e mercado de capitais focado nas transformações de longo prazo

O ativismo em fundos de hedge se tornou uma característica do mundo corporativo. Só no primeiro semestre de 2018, os investidores ativistas lançaram 136 campanhas nos EUA, um número recorde em termos históricos, pressionando CEOs s a pensar como um investidor ativista. Companhias que embarcaram em transformações de longo prazo precisam ter boa comunicação com o mercado de capitais e seus investidores, um grande desafio, já que transformações podem causar resultados menos favoráveis no curto prazo.

6 – Equilíbrio entre a agenda social e de negócios

Os CEOs entendem que apoiar e criar impacto social positivo é uma responsabilidade crítica das empresas atualmente. Gestores e conselheiros serão recompensados por investidores e clientes se contribuírem significativamente para a agenda social. A recente campanha da Nike com Colin Kaepernick (jogador da NFL que se ajoelhou durante o hino nacional em protesto contra a brutalidade policial contra os negros americanos) rendeu à empresa boa posição na mídia e em relatórios de analistas de Wall Street. Companhias e CEOs não podem mais ficar sentados esperando para tomar partido de questões que coincidam com seus valores.

7 – Implicações geopolíticas e regulatórias globais em todos os negócios

Nos últimos anos, uma série de mudanças geopolíticas inesperadas aconteceram, incluindo o Brexit, a saída dos Estados Unidos de vários acordos internacionais e os movimentos nacionalistas por toda a Europa. As regulamentações que afetam os negócios estão evoluindo de maneira igualmente rápida. Por exemplo, privacidade de dados e uso ético de informações pessoais estão se tornando uma prioridade que as empresas tradicionais não enfrentavam até o momento. O Brasil caminha na mesma direção, com a aprovação da Lei Geral de Proteção de Dados. Os CEOs precisam se preparar para mudanças geopolíticas e regulatórias inesperadas, que exigem ajustes velozes na estratégia de negócios e das operações.

 
Vivemos em uma época de turbulências e incertezas. Apesar disso, não sentimos que a ansiedade natural gerada pelas mudanças de conjuntura tenha se traduzido em medo, mas sim em uma busca por fatos e insights que se contraponham a especulações e modismos. Uma busca pelo que é prático e pode ser feito aqui e agora, e não somente no futuro — afinal de contas, a mudança sempre começa em cada um de nós.

Nicola Calicchio é Chairman do Conselho Global de Clientes da McKinsey 

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