Dois anos após iniciar uma das transformações mais profundas do varejo brasileiro, o Grupo Casas Bahia dá mais um passo decisivo rumo à sua recuperação. 

No dia 12 de junho, foi aprovado pelo Conselho de Administração o plano de conversão da dívida da companhia em debêntures, consolidando um pacote de medidas anunciado no início do mês que pode reduzir em até R$ 1,6 bilhão sua dívida total e cortar sua alavancagem financeira.

O movimento inclui a antecipação da conversão de uma emissão relevante de dívida em ações – a pedido dos próprios credores – e a renegociação de prazos com os bancos. 

Segundo o CEO Renato Franklin, a iniciativa não apenas fortalece o balanço da companhia, como também sinaliza que o mercado começa a reconhecer a solidez do novo modelo de gestão.

“A transformação que conduzimos nos últimos dois anos nos trouxe até aqui. Esta etapa marca o início de um novo momento, em que passamos a operar com mais leveza financeira e maior capacidade de crescer com responsabilidade,” disse o CEO. 

O plano prevê a conversão de R$ 1,6 bilhão em dívida em ações, aliviando a pressão sobre o caixa e abrindo espaço para novos investimentos. 

Com isso, a dívida líquida pode cair de R$ 3,4 bilhões para R$ 1,8 bilhão – uma redução de 50% na alavancagem financeira. 

Além disso, outra parte do endividamento teve seu vencimento prorrogado para pagamento a partir de novembro de 2027, com ampliação do período de carência de juros. 

Isso representou uma preservação de caixa na ordem de R$ 400 milhões para os próximos 24 meses. 

A reestruturação do perfil de capital é mais um capítulo na virada iniciada em 2023, com a chegada de Franklin à presidência. 

Naquele momento, a companhia enfrentava prejuízos recorrentes, margens pressionadas e uma estrutura de capital desalinhada com sua geração de caixa. 

A resposta foi um plano ambicioso de “back to basics”: foco no core business – móveis, eletroeletrônicos e crediário –, corte de custos, fechamento de lojas deficitárias, reestruturação logística e digitalização da operação financeira.

Os resultados já estão aparecendo. 

O capex, que havia batido R$ 1 bilhão em 2022, caiu para R$ 386 milhões em 2023. Já as despesas de marketing foram reduzidas em 30%, enquanto o estoque melhorou em R$ 1,5 bilhão. 

Além disso, o corte de despesas chegou a quase R$ 400 milhões por ano. Para completar, quatro centros de distribuição foram otimizados e a companhia passou a operar com menos capital imobilizado e mais eficiência. 

Tudo isso resultou em uma melhora operacional nos últimos seis trimestres do Grupo Casas Bahia. 

Na frente financeira, a criação de um FIDC e o fortalecimento do banQi, sua plataforma digital, continuam agregando nos resultados da companhia, segundo Franklin. 

Com a estrutura de capital ajustada e a dívida em trajetória de queda, a empresa se prepara para um novo ciclo a partir do ano que vem. 

A expansão – com foco em cidades de médio porte nas regiões Centro-Oeste e Nordeste – está no radar, mas virá acompanhada de disciplina financeira e busca por crescimento sustentável.

A proposta de conversão ainda depende da aprovação dos acionistas e da adesão dos detentores de dívida. 

Se aprovada, resultará na emissão de 328,9 milhões de novas ações, o que representará 77,58% do capital social. No mercado, o movimento é visto como mais um passo relevante no processo de reposicionamento da marca. 

Depois de anos de turbulência, o Grupo Casas Bahia começa a reescrever sua história com uma estrutura mais leve, uma operação mais eficiente e uma mensagem clara aos investidores: a transformação é real – e o futuro, enfim, parece mais próximo.

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