Em março do ano passado, enquanto boa parte dos fundos de ações sofria com a sequência (interminável) de circuit breakers, o ‘long bias’ da Pandhora segurou as pontas. 

O fundo caiu bem menos que a média da indústria e se recuperou mais rápido — funcionando na prática como um hedge na carteira de investidores. 

Esse é o pequeno grande segredo dos fundos quantitativos, uma classe de ativos que está sendo cada vez mais descoberta pelos investidores brasileiros.

“Não queremos ser o maior fundo da carteira do cliente, nem o segundo,” diz Alexandre Bossi, um dos sócios da Pandhora, que trabalha apenas com esse tipo de gestão, usando algoritmos e dados na tomada de decisão. “Mas parece cada vez mais claro que os investidores devem ter algum tipo de exposição a produtos como os nossos.” 

Os fundos da Pandhora tem uma correlação muito baixa com o restante da indústria. O long bias, por exemplo, tem correlação de 0,42 com seus principais peers; o Pandhora Essencial, de 0,3. Para efeito de comparação, a média dos multimercados brasileiros têm uma correlação de 0,85 com o índice de hedge funds da Anbima (IHFA). 

Em momentos de estresse — como a greve dos caminhoneiros e o Joesley Day — o fundo se comporta de forma distinta do mercado. “É nesses momentos que fica claro o benefício da diversificação ainda pouco explorada pelo investidor brasileiro, que concentra mais de 90% de seu patrimônio no país, principalmente em ações e renda fixa.”

Isso acontece tanto pela gestão através de dados e tecnologia, quanto pela gama de ativos operados pelos fundos, trazendo novos ativos e uma forma diferente de olhar para eles para a carteira do cliente final.

Fundada em 2016, a Pandhora tem como foco criar produtos que geram esse efeito de diversificação, atrelado à retorno. O principal deles é o Essencial — um hedge fund que investe em 200 ativos, de moedas a índices passando por ações, com exposição a mais de 40 países.

A estratégia do Essencial é semelhante a das gestoras de multimercado tradicionais — com a diferença que, no lugar dos traders, há dezenas de algoritmos.

“Na mesa das grandes gestoras tem uns 30 traders — cada um com parte do risco do fundo, e com esse risco mudando de acordo com a performance,” diz ele. “No nosso caso, temos um algoritmo diferente para cada ativo e calibramos o risco desses ativos de acordo com os backtests e a reação deles ao longo tempo.”

O efeito de diversificação dos fundos da Pandhora fica evidente num teste recente feito pela gestora. 

Ela montou duas carteiras: uma com fundos multimercados que fazem parte do IHFA, e uma segunda adicionando o Pandhora Essencial e diminuindo proporcionalmente os outros fundos. 

O resultado: à medida que se adiciona o Essencial a uma carteira com o IHFA de 10% em 10% até o máximo de 50%, o retorno sobe e o risco cai, como mostra o gráfico abaixo. (O estudo retroage até a primeira cota do Pandhora, em junho de 2016.)

A Pandhora é uma das maiores gestoras de um mercado ainda incipiente no Brasil. Hoje, os fundos quant respondem por menos de 2% do portfólio dos investidores brasileiros, em comparação a 30% nos Estados Unidos.

A Pandhora quer mudar isso, com produtos disponíveis tanto para o público institucional quanto para o varejo. Com taxas de administração menores do que o tradicional 2% do mercado e ticket de entrada de R$ 500 a partir deste mês em todas as plataformas, a gestora vem crescendo rapidamente sua base de clientes, que passou de 800 para mais de 8 mil no último ano. 

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