O Bradesco reportou um segundo trimestre com lucro e ROE em linha com o consenso — mas com receitas mais fortes que o esperado e crescimento da carteira de crédito.
Lutando para executar um dos maiores turnarounds do Brasil corporativo, o banco da Cidade de Deus produziu um lucro de R$ 6,1 bilhões; o consenso era de R$ 6 bi. O ROE ficou em 14,6% versus 14,5% do consenso.
O ROE avançou 3,2 pontos percentuais ano contra ano (e 0,2 ponto na comparação sequencial), enquanto o lucro cresceu 28,5% e 3,5%, respectivamente.
Eduardo Rosman, que cobre o banco no BTG, disse que todas as linhas de receita vieram melhor que o esperado.
“A margem financeira, as receitas de fee, as receitas de seguros. Tudo cresceu mais do que a gente esperava, e a carteira de crédito também cresceu mais rápido que o sistema,” disse o analista. “A fotografia do primeiro semestre veio melhor, e as tendências para o segundo semestre e para 2026 estão com uma cara de que o filme também vai ser melhor.”
Rosman – que tem um ‘neutro’ no papel e preço-alvo de R$ 16 – disse agora à noite num relatório a clientes que há “upside risk para as nossas projeções.”
As receitas totais foram de R$ 34 bilhões no tri, enquanto o mercado projetava R$ 32,9 bi.
A margem financeira foi de R$ 18 bilhões, uma alta de 4,7% tri contra tri e de 15,8% ano contra ano; as receitas com seguros, previdência e capitalização foram de R$ 5,6 bi (+ 6,5% e 21,7%); enquanto as de serviços ficaram em R$ 10,3 bi (+ 5,5% e + 10,6%).
Com o top line forte, o Bradesco também revisou para cima duas linhas de seu guidance para o ano, aumentando a expectativa para a receita de serviços e de seguros. A projeção anterior era de que a receita de serviços crescesse de 4% a 8% no ano, e a de seguros, de 6% a 10%. O novo guidance é de 5% a 9% e de 9% a 13%, respectivamente.
Nas contas do Itaú, a revisão do guidance de receitas implica um aumento de 3% para as estimativas do lucro deste ano.
O analista Pedro Leduc, do Itaú, elogiou o resultado num relatório e disse que “ainda que os números de headline batam com o consenso, a composição do resultado foi sólida. A margem com clientes foi um destaque, crescendo 6% tri contra tri, impulsionada por spreads e mix melhores.”
Na carteira de crédito, o Bradesco reportou um crescimento de 1,3% na comparação trimestral, enquanto o Santander teve uma queda.
A maior alta foi na carteira de crédito rural, que tem crescido nos últimos trimestres em parte pela aquisição de 50% do banco John Deere em fevereiro. No segundo tri, a carteira de crédito rural cresceu 14%.
Outras altas importantes foram no crédito pessoal (5,1%), imobiliário (3,7%), e cartões de crédito para alta renda (3,5%). Em veículos, o crescimento foi de 3,1%.
O crescimento mais forte das receitas, no entanto, foi compensado negativamente por uma provisão acima do esperado, que subiu 6% no tri, mais que a carteira de crédito; e por despesas que também vieram acima do que o mercado projetava.
As despesas cresceram 6% tri contra tri e 10% ano contra ano.
Já a inadimplência ficou estável no trimestre, com o NPL 90 dias se mantendo em 4,1%.
Um analista que cobre o papel disse que um único ponto de atenção é o crescimento da carteira de crédito rural, dado o momento desafiador pelo qual o setor passa.
“A carteira rural tem aumentado sua relevância no Bradesco, e temos visto o Banco do Brasil com vários problemas e o Santander também tendo algumas dificuldades. Como a exposição deles aumentou, teria que entender se isso pode trazer um risco a mais para frente.”
A ação do Bradesco fechou o dia a R$ 15,66, com o banco valendo R$ 154 bilhões. O papel negocia a 6,6x o lucro esperado para os próximos 12 meses e 1x book.