Um fundo imobiliário administrado pelo Blackstone está comprando quatro prédios de escritórios no Rio de Janeiro por 700 milhões de reais.
Os prédios comerciais — Edifício Visconde de Inhaúma Corporate; Edifício São Bento Corporate; Edifício Península Corporate e Edifício Americas Corporate (Torres 3 e 4) — estão todos locados e pertencem a um fundo imobiliário gerido pelo Opportunity.
A venda se encontra em processo de due diligence e pode fechar nos próximos dias.
O Opportunity publicou um fato relevante sobre a venda em 27 de setembro, o que significa que o Blackstone tomou a decisão de investimento antes mesmo do primeiro turno da eleição. Uma das maiores firmas de private equity do mundo, o Blackstone administra cerca de 280 bilhões de dólares em recursos de clientes.
A transação mostra que o mercado de imóveis comerciais recuperou uma certa liquidez depois que a incerteza política, a Copa do Mundo e a desaceleração da economia ao longo deste ano pareciam ter congelado os compradores.
“O cenário para Brasil mudou, e o mercado imobiliário ainda está se ajustando,” diz um investidor do ramo imobiliário. “Nesses momentos de transição, o vendedor não aceita a nova realidade e o comprador tenta se apropriar de um desconto maior, daí o mercado fica um pouco paralisado.”
Pouco a pouco, compradores e vendedores estão voltando a se encontrar.
No mês passado, a São Carlos — uma das três empresas de imóveis comerciais listadas na Bovespa — vendeu dois edifícios em São Paulo por 105 milhões de reais.
De acordo com fontes do mercado, o comprador foi a Savoy, holding imobiliária da família Salomone, uma das maiores proprietárias de imóveis do Brasil e conhecida por ser muito sensível a preço.
“Em todas as crises dos últimos 30 anos, os Salomone sempre foram compradores de primeira hora,” diz um corretor.
A São Carlos, que havia pago 37,5 milhões de reais pelos dois edifícios entre 2007 e 2008, obteve uma taxa interna de retorno real de 31,5% ao ano. O ‘cap rate’ médio — uma métrica usada no setor imobiliário que divide o fluxo de aluguéis de um imóvel pelo valor pago por ele — foi de 10,8%.
Os irmãos Hugo Enéas e Lúcio Salomone começaram a fazer fortuna com loteamentos populares no litoral paulista nas décadas de 50 e 60. Num perfil da família publicado em 2011, a Folha de São Paulo estimou que 80% da extensão entre a Praia Grande e Mongaguá foram abertos pela Savoy.
A Savoy é dona de pelo menos sete edifícios na Avenida Paulista, incluindo o Paulista Mil, onde fica a sede da empresa, e mais da metade do Conjunto Nacional — além dos shoppings Aricanduva, Central Plaza e Interlagos, entre outros.