Enquanto os varejistas lutam para conseguir taxas de conversão entre 1% e 2% em seus sites, as poucas marcas brasileiras que já trabalham com o live commerce estão se deleitando com taxas de até 10%.
Resultado: depois de se apoiar por décadas em fotos de produtos e links, o varejo online está migrando em velocidade furiosa para os vídeos com interação ao vivo dos clientes, abrindo um novo mercado para marcas e influenciadores — e mais um capítulo na história fantástica de evolução do varejo.
No final do ano, tanto o Walmart quanto o Shopify fizeram parcerias com o TikTok para vender produtos usando os influenciadores da plataforma — programas-piloto para testar a aderência do consumidor americano. O próprio Instagram já começou a usar a ferramenta nos EUA.
Na China, onde o live commerce nasceu, ele cresceu 150% ao ano entre 2017 e 2019 e, estima-se, deve ter crescido mais de 200% em 2020, ajudado pelos lockdowns da covid-19.
Foi justamente na China que Gabriel Reginatto, um ex-analista de ações da Investidor Profissional, viu a nova tendência funcionando na prática e resolveu fundar a Alive, que está trazendo o live commerce para o Brasil.
A startup já recebeu investimentos da Maya Capital, Globo Ventures, Stone e dos sócios da Atmos Capital, a gestora carioca mais conhecida por sua performance na gestão de um portfólio líquido. A Alive já planeja um Series A no segundo semestre deste ano.
“Quando eu andava de metrô em Shangai, eu olhava o celular das pessoas e boa parte delas estava ou no TikTok ou assistindo um live commerce,” ele disse ao Brazil Journal. “Virou uma forma de entretenimento para eles.”
A Alive não é a pioneira nem tem o monopólio do live commerce no Brasil: empresas como Mercado Livre e Lojas Americanas já vendem produtos fazendo lives em suas próprias plataformas. O próprio Instagram caminha para lançar uma ferramenta de live commerce.
Mas a Alive pretende se diferenciar no live commerce ajudando as marcas a criar uma relação direta com seus clientes, construindo comunidades online e comissionando os influenciadores pelas vendas feitas nas lives.
Gabriel e seus sócios — Timóteo Gomes e Felippe Piazza — querem posicionar a Alive como uma ferramenta que empodera as marcas com dados.
“As marcas vendem na Amazon porque precisam, mas elas também precisam ter seu relacionamento próprio com os clientes,” diz Gabriel. “O que toda marca quer hoje é criar sua comunidade.”
A Alive fez sua primeira live em setembro com a Joy, uma marca de acessórios, e já trabalha com empresas como a BR Malls, Rede Globo, Volanty (uma startup de revenda de carros usados) e Zona Sul, uma rede de supermercados premium do Rio.
A startup cobra um take rate das vendas, mas ainda está discutindo o melhor modelo de monetização. “Achamos que existe espaço e necessidade para um alinhamento econômico maior entre as marcas, influenciadores e nós,” diz Gabriel.
Para se ter uma ideia da explosão do live commerce na China, em 2019 o Alibaba vendeu mais de 250 bi de yuans (R$ 200 bilhões) pelo canal, e esperava vender 500 bi de yuans (R$ 450 bi) em 2020.