A Farmtech, uma fintech que lidera o mercado de crédito digital rural, está recebendo um aporte de US$ 10 milhões da Bewater, uma gestora de capital de risco focada em ‘midstage growth’.
É o primeiro investimento em agro da Bewater, fundada cinco anos atrás por Carlos Degas Filgueiras, o ex-CEO e sócio da DeVry/Adtalem por mais de 15 anos; Fabio Armaganijan, ex-COO da Kraft Heinz nos Estados Unidos; e Guilherme Weege, ex-CEO e controlador do Grupo Malwee.
Os recursos da rodada vão financiar o crescimento da fintech, que já viabilizou R$ 22 bilhões em crédito para a indústria de insumos agrícolas e produtores rurais, através de 200 mil operações.
Fundada em 2017, a Farmtech criou um modelo de negócio baseado em parcerias com as revendas e principais fabricantes de insumos agrícolas – hoje a empresa já atua com 85% da cadeia de insumos do País.
A aposta da startup é no embedded finance, com uma atuação parecida com a do Mercado Pago na facilitação de vendas do Mercado Livre. Com uma plataforma de rápida liberação de crédito, a startup financia as vendas de insumo direto nas distribuidoras.
A Farmtech também operacionaliza o braço financeiro da Syngenta, o Syde, e o programa de financiamento digital Taló, da fabricante de fertilizantes Yara.
“Nosso foco é ampliar de forma escalável a jornada de vendas a prazo na indústria de insumos agrícolas no Brasil,” Rafael Pilla, o fundador e CEO da startup, disse ao Brazil Journal.
Antes de fundar a Farmtech, Rafael teve passagens pelo Rabobank, DLL e Banco Original. Para criar a startup, o executivo se juntou a Hiram Maisonnave, um ex-vp do BNP Paribas, e Ricardo Alves, ex-head do Rabobank no Brasil.
Os três conhecem bem os gargalos no mercado de crédito agrícola, que movimenta R$ 1 trilhão por ano — um terço dos bancos estatais, um terço do mercado de capitais e um terço da indústria de insumos.
“Qualquer ponto percentual de crescimento do setor agro exige dezenas de bilhões de reais adicionais por ano para financiar a produção,” diz Guilherme Weege, da Bewater, que terá assento no conselho da startup.
Os recursos emprestados pela Farmtech hoje são provenientes de dez FIDCs e Fiagros, que já levantaram R$ 4 bilhões no total.
Como os contratos de capital de giro no agro são de 180 dias, o ciclo é muito rápido, permitindo emprestar o mesmo recurso mais de uma vez ao longo do ano.
Com o aporte, a startup agora vai entrar no financiamento de máquinas e equipamentos, abrangendo também o mercado de manutenção e peças de reposição.
“Hoje não existe a possibilidade de financiar, por exemplo, a reposição de uma peça ou a instalação de um sistema embarcado na colheitadeira que o produtor já tem na fazenda dele,” diz Rafael.
Desde que foi fundada, a Bewater levantou US$ 125 milhões e já investiu na Revelo, uma startup de recrutamento de profissionais de TI; na Remessa Online, a plataforma de envio e recebimento de dinheiro no exterior; e em outros três negócios.