Rodrigo Maia está deixando claras as alternativas de acomodação possíveis entre o Executivo e o Legislativo no governo Bolsonaro.

“O governo precisa decidir o que quer. Se ele quer um governo sem coalizão, o que não é ruim, pois acho que fortalece a independência do Poder Legislativo, a independência é dos dois lados,”  Maia disse a investidores num evento organizado pelo Credit Suisse.

Por enquanto, “ele (Bolsonaro) não quer governar com os partidos, é um direito dele não querer governar com o parlamento, mas não é um direito dele querer interferir na pauta da Câmara dos Deputados”. 10371 aba50362 106a 0002 0000 37a289ebfa6e

Maia afirmou que, mesmo tendo sofrido “todas as agressões possíveis e impossíveis” nas redes sociais — ataques que, para ele, vêm do entorno de Bolsonaro e tem o presidente da Câmara como principal alvo — o Congresso tem sido maduro e não optou por retribuir com as chamadas pautas-bomba, que causariam rombo fiscal.

“Em nenhum momento a gente tem saído do nosso foco e do nosso objetivo, que é construir uma agenda que discuta primeiro as despesas públicas para que depois a gente possa discutir de que forma, voltando a ter capacidade de investimento, a gente vai investir o dinheiro brasileiro.”  

Para Maia, o momento é novo para os dois lados, e os ruídos tendem a diminuir, em uma transição que ele comparou às negociações do Brexit, no Reino Unido, ou aos embates políticos nos EUA. 

A plateia de cerca de 300 investidores aplaudiu efusivamente quando Maia afirmou que não importa que outros parlamentares estejam prometendo empurrar a votação da reforma para o segundo semestre, porque ele é o presidente e decidiu colocar em votação ainda em julho.

“Tem gente que diz que não tem voto suficiente, que não vai votar. Mas eu digo quando votar. Quem manda na pauta sou eu”.

Entre as estratégias para apressar o calendário, ele afirmou que tenta fechar acordo com os líderes da base governista de não se apresentar emendas ao texto, que prolongam, por dias às vezes, a votação.

Entre os recados que mandou, indicou que o presidente precisa controlar seu partido, o PSL, que quer mudar as regras para policiais federais.

“Se o PSL, que é (o partido) do presidente, vai fazer graça com a Polícia Federal, todo mundo vai fazer.”

Na palestra, Maia falou ainda dos planos da Câmara para depois da aprovação da previdência: votar o marco legal de saneamento até o início de agosto.