Na sexta-feira, a Auren Energia perdeu a disputa pela CEEE-G, a geradora de energia do Rio Grande do Sul, por uma diferença de apenas R$ 800 mil.
A Auren, que nasceu da fusão da antiga CESP com os ativos de energia do Grupo Votorantim e da CPP Investments, ofereceu R$ 927,2 milhões pela CEEE-G, enquanto a CSN bidou R$ 928 milhões, um ágio de 10,9%.
Mas neste caso, perder foi bom – pelo menos na visão do mercado. A ação da Auren chegou a subir 5% e fechou em alta de 1,36% na sexta-feira, quando o resultado do leilão foi conhecido.
Para Antonio Junqueira, o head de research do Citi, “a mensagem dos investidores parece clara, concordando ou não com ela: com poucas exceções – como a Eneva e Equatorial – os investidores [do setor de energia] querem dividendos e uma alocação mínima de capital.”
O resultado também mostrou que a Auren não está disposta a crescer a qualquer custo — e que o management terá disciplina na alocação de capital.
Segundo Junqueira, a ação subiu também porque o processo de decisão de investimentos da companhia se mostrou “sólido”.
“Eles gostaram do ativo, fizeram sua diligência, acharam que a competição seria limitada (o que ajudou em sua análise inicial), participaram do leilão… e perderam,” Junqueira escreveu aos clientes do banco. “Perder é bom algumas vezes, e a derrota num leilão deveria ter o mesmo peso de uma vitória quando se analisa a habilidade de alocação de capital da empresa.”
A Auren nasceu da antiga CESP, que foi privatizada em 2018 quando o consórcio Votorantim-CPP comprou o ativo, até então composto basicamente por três hidrelétricas.
Em março, os controladores propuseram uma reorganização societária, fundindo essas hidrelétricas com os ativos de geração do Grupo Votorantim, incluindo alguns parques eólicos e uma comercializadora de energia.
Desde então, a empresa tem sinalizado ao mercado que pretende colocar em marcha uma agenda de crescimento focada em M&As.
Votorantim e CPP controlam a Auren com 37% e 32% do capital, respectivamente. A empresa vale R$ 14 bilhões na Bolsa.