Depois de se formar em medicina, Alexandre Remor teve que passar mais de dois anos debruçado sobre as apostilas para passar na residência de clínica médica da USP – uma das mais concorridas da América Latina com uma taxa de aprovação de apenas 1 para cada 20 candidatos.
Micael Hamra e João Vitor Fernando passaram exatamente pela mesma experiência – e também foram aprovados.
O sucesso dos três num processo extremamente competitivo os transformou em referência para outros candidatos para a residência de medicina.
“Vários alunos viram que nós aprovamos na USP mesmo vindo de outras universidades e queriam entender como a gente tinha conseguido aquilo,” Alexandre disse ao Brazil Journal.
Foi dessa demanda espontânea que nasceu a Medway, uma plataforma de preparação para provas de residência fundada pelos três médicos em 2017, na reta final da residência.
Agora, a startup acaba de levantar uma rodada de R$ 75 milhões para ampliar seu portfólio de cursos, entrando em outros momentos da vida do médico e aumentando o lifetime value dos clientes.
A rodada Série A foi liderada pelo Softbank e teve a participação de outros sete fundos: o Global Founders Capital (GFC); o EquitasVC; a Aggir Ventures, a gestora de Romeu Cortes Domingues, o co-chairman da DASA; o Scale Up Ventures, da Endeavor; o Neuron Ventures, o corporate VC da Eurofarma; a Allievo Capital, e a Grão VC.
Esta é a primeira captação institucional da história da startup, que vinha crescendo até agora com a geração de caixa própria e alguns aportes de anjos.
A Medway criou uma plataforma com três verticais para os alunos: aulas em vídeo (gravadas e ao vivo), apostilas digitais e simulados comentados.
Os alunos pagam pelos cursos fechados – que custam de R$ 1.500 a R$ 13.000, dependendo do conteúdo e da duração. Mais de 10 mil médicos já fizeram cursos na plataforma, que hoje tem 4 mil clientes ativos.
Há três cursos principais: o Intensivo São Paulo, que dura 6 meses e prepara para todas as residências de São Paulo; o Extensivo São Paulo, que dura 1 ano e tem materiais mais focados para cada instituição; e o Extensivo programado, que dura 2 anos.
Há ainda a mentoria, em que professores da Medway ajudam os alunos a estudar e se organizar melhor; e o PS Medway, o primeiro produto fora do universo da residência e que ajuda o médico a aprender como atuar na emergência.
“A literatura que prepara o médico para a emergência é estrangeira e não pega a realidade do SUS, por exemplo,” disse Alexandre. “Estamos atualizando esse conhecimento para a realidade brasileira.”
Com a rodada, o plano da Medway é ampliar ainda mais o portfólio, entrando em cinco novos estados e criando produtos que acompanhem o médico durante toda sua vida.
A empresa pretende lançar uma plataforma de educação continuada com conteúdos novos de diversas especializações; e também quer abrir cursos para uma série de provas que os médicos têm que fazer ao terminar a residência.
“Quando um médico termina a residência em cirurgia geral, se ele quiser atuar com cirurgia vascular ele vai ter que fazer uma nova prova para cursar uma segunda residência nessa subespecialização,” disse Alexandre. “Depois de terminar essa subespecialização, ele tem que fazer mais uma prova de título, para ganhar o registro de especialidade em cirurgia vascular.”
A Medway está operando num mercado competitivo e dominado por players como a Afya, que tem uma vertical que prepara para a residência. Outros players incluem o MedGrupo e a Sanar, uma startup de educação médica que tem a DNA Capital entre seus investidores.
Segundo Alexandre, a Medway não quer ganhar a briga no preço, e trabalha com um price point até acima do da Afya.