A 77Sol acaba de levantar uma rodada para surfar a instalação de placas solares no telhado de residências.
A startup é dona de um marketplace B2B de painéis solares voltado para os integradores, em geral pequenas empresas regionais que prestam o serviço de instalação para o cliente final.
A captação, de R$ 14 milhões, foi feita junto à Crescera Capital, a gestora de venture capital, e ao corporate venture capital da EDP Brasil, uma das maiores empresas de geração e distribuição do País.
O grande atrativo da 77Sol é que ela consegue oferecer um preço consideravelmente menor do que o integrador pagaria se fosse comprar direto com a distribuidora ou com a fabricante.
Isso é possível basicamente pela escala.
“A gente funciona como um clube de compras,” Luca Milani, o fundador da 77Sol, disse ao Brazil Journal.
“Em vez do cara ir direto na Weg ou em uma distribuidora para comprar 5 painéis, a gente compra em volume e divide esse ganho com os integradores.”
No ano passado, a 77Sol vendeu cerca de 570 mil placas solares (para 5 mil projetos) e fez uma receita de R$ 160 milhões; este ano, espera mais que dobrar o faturamento, para R$ 350 milhões.
A empresa tem 9 mil integradores cadastrados, quase um terço do mercado brasileiro de 35 mil integradores.
Além da venda dos painéis, a startup oferece soluções adicionais como crédito, seguros e uma espécie de software que permite que o integrador consiga elaborar a melhor proposta para cada cliente com base no dimensionamento adequado do sistema. O software também elabora a proposta com as melhores opções de equipamentos.
Em sua vertical de crédito, a 77Sol opera apenas como um balcão de distribuição para instituições como o Santander e a Losango. Ainda assim, essa vertical já representou 35% do faturamento do ano passado.
Quando tiver mais track record, Luca diz que a startup quer oferecer crédito direto ao consumidor por meio de um FIDC. “Se tivermos uma inadimplência quase nula ou muito baixa nas carteiras que originamos para os bancos, aí faz todo sentido começarmos a dar crédito nós mesmo, porque senão vamos estar deixando dinheiro na mesa,” disse ele.
A 77Sol vai usar os recursos da rodada para investir em tecnologia. Hoje, sua plataforma é apenas reativa – o integrador vai comprar o painel no site já tendo o cliente na mão – mas ela quer passar a gerar leads para os integradores.
“Queremos mandar clientes para eles e de uma forma automatizada. O cliente solicita no nosso site, a gente ‘esquenta’ a oferta, oferecendo crédito, seguro, e depois direcionamos para o melhor parceiro de acordo com um ranqueamento que vamos criar e com a capacidade de atender a demanda,” disse ele.
A rodada de hoje vem um mês depois do setor de geração solar distribuída sofrer um revés com o fim de subsídios que isentavam quem tinha um painel solar em casa de pagar pelo uso do sistema de distribuição.
Luca diz que tem sentido um impacto dessa mudança na demanda. Segundo ele, em novembro e dezembro foi uma “correria louca”, com “todo mundo comprando para ter o direito adquirido.” Agora, a demanda esfriou um pouco.
Ainda assim, ele diz que, na prática, o fim do subsídio não impacta tanto a atratividade do investimento. Nas contas da startup, o payback médio do investimento com o subsídio era de 5 anos. Com o fim do subsídio, ele aumentou de 8 meses a 1 ano “no máximo”.
“Mesmo perdendo a isenção, você continua com mais de 80% de economia na conta de luz,” disse ele. “E a mudança é justa, porque você está usando o sistema, faz sentido você pagar.”
O mercado de energia solar distribuída ainda está apenas começando no Brasil. No final do ano passado, apenas 1 milhão das 62 milhões de casas do País tinham uma placa solar.
“Se pensarmos na capacidade instalada, vamos ficar instalando placas solares pelos próximos 20-30 anos e não vai acabar,” disse ele. “E o Brasil é um país que é muito propício para a energia solar. A irradiação média é umas duas vezes maior que a dos Estados Unidos, por exemplo, com uma mão de obra mais barata e uma tarifa de energia que é uns 30% maior.”
SAIBA MAIS