Mike Bloomberg vai doar mais US$ 1 bilhão para a John Hopkins University — elevando para US$ 4,55 bilhões o total que o bilionário já doou para a universidade onde se formou — e garantindo a gratuidade para a maioria dos alunos da escola de medicina, uma das mais prestigiadas (e caras) dos Estados Unidos.

O anúncio foi feito hoje cedo pela Bloomberg Philanthropies em seu relatório anual, por meio de uma carta assinada por Bloomberg.

“Com os Estados Unidos sofrendo para se recuperar de um declínio preocupante em sua expectativa de vida, nosso país enfrenta uma séria escassez de médicos, enfermeiros e profissionais de saúde pública. Ainda assim, os altos custos das faculdades de medicina e enfermagem impedem que muitos estudantes entrem nessas profissões,” diz Bloomberg na carta.

Bloomberg“Ao reduzir as barreiras financeiras para esses campos essenciais, podemos liberar muitos estudantes para perseguir as carreiras pelas quais eles são apaixonados — e permitir que eles sirvam mais as famílias e comunidades que precisam mais deles.”

A gratuidade no curso de medicina será restrita aos estudantes de famílias que ganham menos de US$ 300 mil por ano, o que representa cerca de 95% de todos os americanos. 

No caso de famílias com renda inferior a US$ 170 mil — 85% da população — haverá ainda uma ajuda para os custos durante o curso. 

A Johns Hopkins disse que quase dois terços de todos os estudantes que estão buscando um M.D. (a faculdade de medicina) na universidade e vão se matricular nesse outono vão imediatamente se qualificar para o benefício.

A doação de Bloomberg — o fundador da Bloomberg LP, ex-prefeito de Nova York e dono de uma fortuna estimada em US$ 105 bilhões — também será usada para turbinar o programa de assistência estudantil que a universidade já tem para outros cursos, como os de enfermagem e saúde pública, educação, negócios, artes e ciências, relações internacionais e política. 

O impacto na vida dos estudantes de medicina será brutal. 

O Washington Post, que deu a notícia em primeira mão, nota que a média da dívida estudantil dos alunos de medicina que se formaram no ano passado era de US$ 200 mil, quatro vezes mais que a média das faculdades americanas, segundo a Association of American Medical Colleges. 

Sanjay Desai, o chief academic officer da entidade, disse ao jornal que muitos estudantes sequer consideram a faculdade de medicina por conta dos custos. 

Isso é um problema sério, porque “os desfechos dos tratamentos melhoram quando os médicos refletem a diversidade dos pacientes que eles tratam,” disse ele. “Estudos também mostram que os estudantes de famílias mais de baixa renda têm mais propensão a trabalhar em comunidades carentes como médicos.”

Ele disse ainda que há um gap de médicos de atendimento primário hoje nos EUA, e que as dívidas estudantis acabam direcionando os estudantes para campos mais especializados e lucrativos. 

Em 2018, Bloomberg já havia feito uma doação de US$ 1,8 bilhão para a Johns Hopkins, também para ajudar nas bolsas de estudo e programas de assistência estudantil para famílias de baixa e média renda.

De lá para cá, o impacto foi significativo. Os estudantes de baixa renda, que há dez anos representavam menos de 10% dos estudantes da universidade, hoje respondem por 21% do total. 

Bloomberg não é o primeiro a financiar a gratuidade de uma universidade de medicina nos EUA. 

No início do ano, Rute Gottesman, uma professora da Albert Einstein College of Medicine, no Bronx, fez uma doação de US$ 1 bilhão para permitir que a faculdade seja gratuita para sempre. 

Gottesman, que passou 55 anos lecionando na faculdade, ganhou os recursos como herança de seu ex-marido, que havia sido um discípulo de Warren Buffett e deixou para a professora aposentada milhares de ações da Berkshire Hathaway.