A americana Tapestry, controladora da Coach e outras grifes, fechou a compra da Capri Holdings – que tem em seu portfólio as marcas Versace, Michael Kors e Jimmy Choo – pagando US$ 8,5 bilhões em cash.
A fusão dará origem a um gigante americano do luxo com escala e presença internacional para competir com os maiores grupos europeus, embora ainda distante das líderes de mercado, a LVMH e a Kering, dona da Gucci, Balenciaga e Yves Saint Laurent.
O faturamento combinado das marcas sob o guarda-chuva da Tapestry deve superar US$ 12 bilhões ao ano, com um lucro estimado em US$ 2 bilhões. A Kering fatura praticamente o dobro – US$ 22 bi – e a LVMH tem vendas anuais acima de US$ 80 bi – além de um valor de mercado de mais de US$ 400 bilhões.
A Tapestry será a quarta maior empresa de luxo do mundo, com um market share ao redor de 5%, empatada com a Hermès e ficando atrás de LVMH, Kering e Chanel.
A Tapestry, uma companhia com sede em Nova York, está pagando US$ 57 por ação da Capri. É um prêmio de 59% em relação ao preço ponderado do papel nos últimos 30 dias.
No fechamento de ontem, antes do anúncio do negócio, a Capri valia US$ 4 bilhões na Bolsa. A Tapestry tinha um market cap de US$ 10 bi.
Segundo o Wall Street Journal, a Michael Kors chegou a valer US$ 20 bi em 2014, inflada pelo sucesso internacional de suas bolsas, roupas e acessórios vendidos a preços não tão proibitivos quanto os das marcas europeias de alto luxo. Mas a saturação da marca e as aquisições que não criaram o valor esperado derrubaram os resultados do grupo nos últimos anos.
Ao contrário da estratégia das grifes europeias de preservar a exclusividade e defender margens generosas, a Michael Kors investiu no “populismo do luxo,” criando linhas mais baratas e distribuindo seus acessórios e peças de vestuário em diversos canais de venda, além de suas lojas próprias. Suas bolsas tornaram-se onipresentes – com a ajuda, obviamente, das ‘réplicas’.
Em 2017, a Michael Kors comprou a marca de sapatos Jimmy Choo, umas das queridinhas da série Sex and The City e da princesa Diana e, na sequência, em 2018, assumiu a Versace. Surgiu então o grupo Capri, com sede em Londres.
A Coach, àquela altura, também investia na formação de um grupo fashion com ambições globais. Havia comprado a Kate Spade, com bolsas e acessórios mais acessíveis, e a grife de botas e sapatos Stuart Weitzman. Em 2017, surgia o grupo Tapestry, congregando as marcas da Coach.
As ações da Capri fecharam o dia em alta de 56%, refletindo o prêmio pago na transação. Já a ação da Tapestry mergulhou 16%.
Os executivos da Tapestry veem o potencial de uma economia de US$ 200 milhões ao ano com as sinergias nas operações, com a CEO Joanne Crevoiserat dizendo que o negócio é “bastante atraente do ponto de vista financeiro.”
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