O tesoureiro do Santander Brasil, Sandro Sobral, acha que a Bolsa pode ter batido no fundo do poço e se recuperar a partir destes níveis – em sua visão, um repique circunstancial baseado em valuations amassados e no posicionamento técnico.
Alertando que há riscos para esta tese – como a possibilidade de uma grande correção nos mercados globais ou uma (ainda) maior deterioração nas notícias do front doméstico – Sobral listou cinco razões para acreditar numa alta da Bolsa no curto prazo.
Em primeiro lugar, ele nota que os investidores internacionais pararam de vender, e os fundos locais long only estão registrando captação líquida pela primeira vez em meses.
“Eu diria que a grande rotação de ações para a renda fixa está quase concluída entre os investidores locais”, escreveu Sobral. “E a grande desalavancagem offshore (possivelmente desencadeada pelas mudanças no management de algumas estatais) também está chegando ao fim.”
Sobral nota também que quando companhias listadas reportam notícias positivas, os papeis muitas vezes tem reagido com altas de 10% ou 15%, o que sugere que boa parte da visão negativa já está precificada.
Por exemplo, quando o Magazine Luiza anunciou sua parceria com o Aliexpress, do Alibaba, a ação do Magalu subiu mais de 11% no dia.
“Acho que há uma boa assimetria entre as notícias ruins e as boas, com as últimas pesando mais do que as primeiras.”
Sobral também disse que a forte desvalorização do real pode ser positiva para a Bolsa por dois motivos: os preços em dólar ficaram mais baratos, e as exportadoras listadas vão se beneficiar deste novo câmbio.
O tesoureiro do Santander também acha que há uma assimetria entre o mercado de juros e o de ações.
“Há muitas altas de juros precificadas na curva, enquanto a inflação ainda está bastante baixa.”
Ele traça dois cenários, ambos positivos para as ações. No primeiro, o mais óbvio, as altas de juros precificadas simplesmente não acontecem. No segundo, a inflação acelera e o BC reage preventivamente, aumentando os juros – o que, na visão de Sobral, mostraria ao mercado que a política monetária do Brasil é séria.
Sobral lembra que, pelo menos desde 2005, a inflação brasileira sempre ficou sob controle – exceto por alguns períodos curtos.
O gráfico abaixo – incluído por Sobral no email a clientes – mostra como a inflação teria performado no sistema de metas anunciado ontem, ou seja, medindo a inflação dos últimos 12 meses em vez de no ano calendário.
“O histórico [do Brasil] é bom, e a ideia de ter uma inflação baixa está 100% consolidada na sociedade brasileira.”