A 180 Seguros — uma insurtech fundada por dois ex-executivos do Nubank — acaba de ser avaliada em R$ 1,35 bilhão, mais que dobrando seu valuation em relação à última captação.
A startup levantou R$ 35 milhões em equity e captou outros R$ 15 milhões com uma dívida subordinada que será usada para compor o capital regulatório exigido pela Susep.
A rodada — que está sendo chamada de uma pré-Série B — foi feita com a 8VC, Monashees e Canary, que já eram investidores da startup, e com a FJ Labs, que entrou agora no cap table.
Mauro Levi D’Ancona, o CEO e cofundador da 180 Seguros, disse ao Brazil Journal que o objetivo da companhia é levantar uma Série B “bem maior” no primeiro semestre de 2026, de “pelo menos US$ 50 milhões.”
Desde que foi fundada em 2023, a 180 Seguros já levantou outros R$ 220 milhões.
Os recursos da rodada de hoje vão ser usados para compor o capital regulatório da empresa, permitindo que ela acelere seu crescimento, e para investir mais em inteligência artificial.
Segundo Mauro, o patrimônio líquido da 180 Seguros vai para cerca de R$ 100 milhões com a rodada, o que já permitiria à startup fazer uma receita anual de mais de R$ 1 bilhão.
Em dezembro, a 180 Seguros estava com um ARR (a receita mensal anualizada) de R$ 100 milhões. Em maio deste ano, este número já havia subido para R$ 384 milhões, e a expectativa é que termine o ano em R$ 500 milhões.
Mauro disse que esses números já posicionam a empresa como a maior insurtech da América Latina. No Brasil, não há startups concorrendo nesse mercado, segundo ele.
“Tem outras startups em seguros, como a Pier, Justo e Darwin, mas elas operam no seguro auto e com o canal corretor. Em massificados só tem a gente. E mesmo comparado com essas startups somos maiores.”
O maior produto da 180 Seguros hoje é o seguro prestamista, seguido pelo seguro de vida, seguro Pix e garantia estendida. A empresa também oferece seguros residenciais, empresariais e para acidentes pessoais. O próximo produto no pipeline é o seguro celular, que deve ser lançado ainda este ano.
Na prática, a 180 Seguros está concorrendo com gigantes como a Mapfre, Zurich e Tokio Marine. Mas diferentemente dessas seguradoras, que apostam na distribuição principalmente pelo canal dos corretores, a 180 aposta num modelo B2B2C.
Ela se conecta com bancos, fintechs e varejistas, que passam a oferecer os seguros da 180 para os clientes, recebendo uma comissão pelas vendas. Ela tem parceria com empresas como a DMCard, CredPago, Solfácil e QI Tech, além da Loja do Mecânico, que oferece apenas a garantia estendida.
Mauro disse que também está em conversas com os grandes bancos digitais, já que uma parceria com um player desses poderia ser transformacional para a startup.
“Todos esses bancos já vendem seguros das seguradoras tradicionais. Mas eles têm dificuldade de escalar mantendo o mesmo nível de serviço que tem em outros produtos. As seguradoras tradicionais não conseguem, por exemplo, subir vários preços para fazer testes A/B,” disse ele. “Eu consigo ter mais de 200 preços diferentes para eles fazerem esses testes. Também permitimos o acompanhamento dos clientes, do NPS, do número de ligações. Damos todas as ferramentas para gerir a operação.”
Um componente importante da rodada de hoje será o investimento em inteligência artificial. A 180 já usa AI para automatizar partes importantes de seus processos, desde a precificação dos seguros até a análise dos sinistros, com 80% deles já sendo feitos com AI.
Mas a startup quer investir agora no chamado MCP (Model Context Protocol), uma “API dos LLMs”, nas palavras de Mauro.
“O MCP é transformacional porque vai permitir que agentes conversacionais se pluguem na 180 e vendam os nossos seguros sem precisar se conectar ao nosso API, o que demanda um trabalho de programação,” disse Mauro. “O chatbot de um banco, por exemplo, vai poder se conectar direto no MCP e oferecer os seguros que temos para os clientes deles. Isso vai abrir um novo mercado pra gente.”
Para isso, a 180 está expandindo seu time de tecnologia. Hoje ela tem 100 funcionários, dos quais metade são programadores, e cinco são focados apenas em AI. O plano é contratar mais cinco especialistas em AI e outros 15 programadores.