A Vibra Energia reportou um trimestre pressionado pelo macro, com reduções fortes no EBITDA e no lucro.
No quarto trimestre, a dona dos postos BR reportou um EBITDA de R$ 2,3 bilhões, uma queda de 43,9% em relação ao mesmo período do ano anterior, e uma margem EBITDA de R$ 145 por metro cúbico, em linha com o esperado pelo mercado.
Porém, excluindo da conta os fatores não-recorrentes, como ganhos com a venda de ativos e benefícios fiscais, a margem cai para R$ 124 por m³.
O lucro do tri caiu 84,5% em relação ao ano passado para R$ 510 milhões; o consenso Bloomberg apontava para um bottom line de R$ 555 milhões.
A receita líquida, por sua vez, cresceu 1,4% ano contra ano e chegou a R$ 44,4 bilhões no trimestre.
O CFO Augusto Ribeiro Jr. disse que os resultados foram impactados pelos efeitos do cenário macroeconômico, como um excesso de oferta e uma demanda menor do que o esperado; menor rentabilidade no querosene de aviação; e os efeitos do mercado clandestino, que coloca menos biodiesel na mistura e assim cobra preços menores, distorcendo o mercado.
“Apesar do resultado, se considerarmos o cenário de dois anos atrás, esse patamar de rentabilidade era apenas uma ambição da empresa: agora ele se torna o piso,” o CFO disse ao Brazil Journal . “E já entramos em 2025 com uma rentabilidade maior.”
Em 2024, a receita da Vibra chegou a R$ 173 bilhões, uma alta de 5,7% em relação ao ano anterior. O lucro subiu 33% e chegou a R$ 6,3 bilhões.
Com o resultado, a empresa anunciou o pagamento de R$ 1,6 bilhão em dividendos – o equivalente a R$ 1,47 por ação – um dividend yield de 8,2%.
“Vai ser nossa segunda maior distribuição de dividendos e mostra nossa capacidade de transformar EBITDA em caixa real,” disse.
Além disso, a empresa apresentou uma forte geração de caixa no trimestre, com um free cash flow de R$ 900 milhões – chegando a R$ 3,3 bilhões em 2024.
A alavancagem da Vibra caiu de 1,1x para 0,9x ano contra ano, mas subiu 0,2x no tri contra tri.
Agora, analistas e investidores vão monitorar como a alavancagem da Vibra vai se comportar após a aquisição dos 50% restantes da Comerc entrar em seu balanço, o que deve acontecer ainda no primeiro semestre.
A alavancagem deve subir para 2,5x ainda em 2025, disse o CFO. “Mas a Vibra já mostrou que consegue desalavancar rápido,” e a Comerc vai ajudar com a geração de caixa própria – a comercializadora gerou R$ 1,08 bilhão de EBITDA pro forma nos últimos doze meses.
“Temos um balanço muito robusto e somos geradores de caixa. E vamos trabalhar em 2025 para reduzir nossa dívida bruta e estamos otimistas quanto a isso,” disse.
O executivo também disse que o direcionamento da companhia não vai mudar em relação à distribuição de dividendos, mesmo com a alavancagem mais alta.
“Buscaremos manter a distribuição de 40% do lucro, mesmo com as ambições de crescimento compartilhadas com o mercado,” disse.
Segundo Ribeiro, a empresa segue com o foco de crescer nas cinco áreas anunciadas em seu Investor Day: buscar a liderança em postos de gasolina; ampliar a oferta do B2B; expandir a capacidade logística; conquistar o primeiro lugar em lubrificantes; e seguir crescendo em energias renováveis.
“Mas estamos priorizando algumas em relação às outras por causa do cenário macro,” disse Ribeiro.