O valor de mercado da JBS desabou 37% nos últimos seis meses com os investidores temendo a pressão sobre a margem do negócio de beef em decorrência do aumento do preço do gado nos Estados Unidos.
Para o CEO Gilberto Tomazoni, no entanto, o temor do mercado não leva em conta a estratégia de diversificação geográfica e de proteínas que o grupo implementou ao longo dos últimos anos.
“Eu tenho sempre reclamado, que eu acho que essa diversificação não está na nossa precificação (das ações),” Tomazoni disse ao Brazil Journal antes de sua apresentação na Latin America Investment Conference, do Credit Suisse.
Ele lembrou que, mesmo dentro da própria cadeia bovina, a JBS tem uma diversificação geográfica que a ajuda a amenizar um momento mais negativo que uma região possa estar enfrentando.
Se nos Estados Unidos o custo maior do boi tende a achatar as margens, no Brasil a situação é exatamente oposta. O aumento da disponibilidade de gado deve contribuir para resultados mais interessantes para a companhia, segundo ele.
“Isso é o bonito da nossa diversificação. Mesmo numa cadeia bovina, nós conseguimos ter diversificação, dada a nossa presença em regiões diferentes. E soma-se a isso os suínos, o frango e outras proteínas,” disse.
Tomazoni não quis dizer se o mercado se surpreenderá com os resultados do quarto trimestre – que serão reportados em 21 de março – mas disse que “os analistas têm conseguido ter sempre uma boa leitura e uma boa previsibilidade dos resultados.” (Ou seja: zero surprise.)
Ele sinalizou, contudo, que o ciclo de alta do boi nos Estados Unidos já caminha para uma normalização, com os preços ficando mais próximos das médias históricas.
A JBS vale R$ 44,8 bilhões na Bolsa e negocia a cerca de 4,2x o EV/EBITDA de 2023, abaixo da média histórica de 5,5x. O mercado espera revisões negativas ao longo do ano. Para efeito de comparação, Marfrig negocia a 7x EV/EBITDA.