Ele abriu um centro de distribuição em São Paulo na década de 1980 e acabou se tornando dono da cooperativa que deu origem à Camil. Seguindo o caminho natural, passou a comercializar também o feijão.
Nos anos 2000, já consolidado e com escala, Jairo decidiu que o modelo era replicável em outros países, e comprou operações no Chile, Peru, Argentina e Uruguai.
A Camil virou uma máquina de aquisições. Em 2011, levou a Femepe, uma processadora de pescados catarinense dona das marcas Pescador e Alcyon, e a Coqueiro, que então pertencia à PepsiCo.
No ano seguinte, a Camil pagou à Cosan R$ 345 milhões pelas marcas de açúcar União e da Barra.
Para financiar as aquisições — foram 13 desde 2007 — a Camil recebeu um aporte da Gávea em 2011, numa operação que deu 31,75% da companhia para a gestora de Arminio Fraga.
A empresa é líder no mercado de arroz, com 17% de share no mercado nacional e 31% em São Paulo. No mercado de açúcar, o share é de 36%; na sardinha enlatada, 45%. No atum em lata, a empresa é vice-líder com 24%.
Ao todo, são 29 unidades de processamento e 18 centros de distribuição na América do Sul, onde a empresa é líder nos mercados de arroz do Uruguai, Chile e Peru.
Apesar de exportar para 50 países, o mercado doméstico responde por 90% do faturamento da Camil.
Apesar de o negócio ser relativamente simples – empacotar e vender commodities – a companhia afirma que consegue praticar preços de 5% a 10% maiores que a média das categorias em que atua por conta da preferência dos consumidores pela marca, o que aumenta sua capacidade de repassar choques de custos.
Mesmo em meio à pior recessão da história, o faturamento aumentou. De março de 2016 a fevereiro deste ano (o ano fiscal da companhia), as vendas cresceram 17% para R$ 4,95 bilhões.
A rentabilidade também subiu: o EBITDA avançou 29%, com margem de 11,1%, 1,1 ponto percentual a mais do que nos 12 meses anteriores. O lucro praticamente dobrou: de R$ 110,8 milhões para R$ 201,5 milhões.
A ideia é atuar como consolidadora dos mercados de arroz e feijão, ainda bastante pulverizados. O foco é fora do eixo Rio-São Paulo, especialmente no interior do Rio, Minas Gerais e Espírito Santo, regiões onde a atuação ainda é mais tímida.
A Camil diz ainda que pretende entrar em segmentos alimentares nos quais ainda não tem presença, mas que tenham sinergias com o seu negócio, como “farináceos, enlatados, café, biscoitos e massas”.