Os sócios da operação brasileira do Burger King decidiram levar a companhia para a Bolsa, um IPO que vai balizar outras transações no varejo alimentar e trazer para o mercado uma companhia cujas vendas crescem a taxas de dois dígitos.

Pelo menos sete bancos já apresentaram à empresa uma modelagem para a oferta; na estimativa de alguns deles, o Burger King Brasil (BKB) pode ter um valor de mercado entre R$ 3 bilhões e R$ 4 bilhões, dependendo da geração de caixa no ano que vem e do múltiplo atribuído pelo mercado.

A companhia disse aos bancos que deve escolher até meados deste mês o consórcio que vai coordenar o IPO, que deve acontecer entre dezembro e janeiro.

A decisão de ir adiante com a oferta vem num momento em que o Burger King não só cresce aceleradamente como aumenta suas margens no Brasil.

Segundo fontes próximas à potencial transação, as vendas do BKB no conceito mesmas lojas subiram 13% no primeiro semestre, bem acima do mercado de fast food. A companhia deve gerar cerca de R$ 200 milhões de caixa este ano, um número que pode crescer entre 30% e 50% em 2018.

Os atuais sócios do BKB são a Vinci Partners (33%), o Capital Group (31%) e o Temasek (15%). A Restaurant Brands International, dona da marca Burger King, tem outros 15%. Parte da oferta deve ser secundária para garantir à ação um certo nível de liquidez.

No Brasil, o Burger King opera essencialmente três formatos de lojas: as ‘standalone’ (lojas no meio de um terreno, geralmente com um drive-thru), ‘food courts’ (lojas nas praças de alimentação de shoppings) e um modelo chamado de ‘in line’ (lojas no comércio de rua).

Segundo fontes que participam do processo, a companhia vê nas lojas ‘standalone’ o maior potencial de crescimento, dado que este é o modelo de loja menos explorado no Brasil. Dos três formatos, o standalone também é o que apresenta o maior retorno sobre o capital investido.

A companhia também tem colhido os resultados de seu investimento em tecnologia:  no último ano, o BKB implantou uma nova plataforma digital que customizou o ‘front end’ das lojas — a área em que o caixa recebe o pedido do cliente. Como resultado, a companhia teve um aumento de dois dígitos no tíquete médio e também aumentou a chamada ‘acurácia das vendas’, uma forma de dizer que o número de pedidos errados diminuiu.

Recentemente, o BKB também introduziu um sistema de delivery usando a loja mais próxima do cliente como um ponto de distribuição. Os resultados iniciais tem sido encorajadores, segundo fontes que tiveram contato com o management da empresa.

O BKB, que deve terminar o ano com quase 700 lojas, vai usar os recursos da oferta para abrir novos restaurantes e continuar a adquirir franqueados, uma estratégia que já gerou muito valor para a companhia.

O McDonald’s, franqueado no Brasil pela Arcos Dorados, tem 910 lojas no Brasil.

Há cinco dias, numa entrevista à repórter Adriana Mattos, o CEO da Arcos Dorados, Sergio Alonso, provocou o BKB.  “Algumas marcas que têm recebido muita repercussão na mídia precisam às vezes de sete, oito, nove lojas somadas para fazer a venda de um McDonald’s no Brasil,” disse.

Um banqueiro disse ao Brazil Journal:  “Isso é absolutamente verdade. O conhecimento da marca deles ainda é bem menor.  Imagina o potencial que esse negócio ainda tem.”