A Cielo acaba de comprar uma fatia majoritária na Stelo, melhorando seu apelo para microempreendedores no momento em que a PagSeguro se prepara para listar na Bolsa capitalizando seu sucesso no mesmo nicho de mercado.
A transação permitirá que a Cielo ataque o mercado de microeemprendedores individuais (MEIs), que tem garantido altas taxas de crescimento à PagSeguro. O Brasil tem cerca de 8,7 milhões de MEIs ativos, mas, de acordo com o Banco Central, apenas 19% possuem conta bancária.
Um grande adquirente como a Cielo tem dificuldade em atender estes clientes, mas a Stelo tem sistemas e processos para isso, segundo uma fonte do setor.
A Cielo, que já era dona de 30% da Stelo, está pagando R$ 87,5 milhões pelos 70% restantes, que estavam nas mãos da Alelo. (As três empresas fazem parte do Grupo Elopar, que tem como sócios o Banco do Brasil e o Bradesco.)
A transação permitirá que a Cielo — que tipicamente aluga maquininhas para comerciantes — passe também a vender as maquininhas com outra marca e estrutura independente.
O casamento já havia sido telegrafado. No ano passado, as duas empresas começaram a testar a venda de maquininhas num projeto piloto no interior de São Paulo.
A PagSeguro — que só vende as maquininhas em vez de alugar — tem ganhado participação de mercado junto a microeemprendedores, médicos, taxistas e agentes da economia informal.
A venda de POS incomoda os grandes players do setor, e o movimento da Cielo é uma resposta a isto.
O aluguel de maquininhas é o segundo melhor negócio dos adquirentes, perdendo apenas para o pré-pagamento de recebíveis, no qual o adquirente cobra juros e não corre o risco de inadimplência. Fontes do setor dizem que o aluguel tem um payback de menos de 12 meses.
Para qualquer novo entrante, que não tem base e precisa se estabelecer, vender as maquininhas é a forma de colocar o pé na porta: o adquirente abre mão da receita de aluguel recorrente, mas garante seu crescimento no volume de transações e na antecipação de recebíveis.