A UME — uma fintech de buy now pay later (a versão tech do bom e velho crediário) — acaba de levantar uma rodada de US$ 5,5 milhões para dar largada a uma expansão nacional.

O plano dos fundadores: replicar o negócio que a startup construiu nos últimos três anos no Norte — em cidades como Manaus — em outras regiões do País, começando pelo Nordeste.

12053 296d0e51 f69d 02c0 e778 e97d92ffbe71A rodada de seed money foi coliderada pela gestora americana NFX e pela Canary, e teve a participação da BigBets, Clocktower Ventures e Norte Ventures.

A UME também levantou US$ 4,5 milhões em dívida com a Ibiuna Investimentos, a gestora de Mario Torós e Rodrigo Azevedo, e com a Franklin Templeton. Essa dívida permite que a empresa continue emprestando até setembro deste ano.

O plano é captar mais R$ 60 milhões na sequência, por meio de um FIDC, o que levaria a empresa até junho de 2023.

A UME opera junto a pequenos e médios varejistas regionais — que faturam de R$ 40 milhões a R$ 500 milhões por ano — oferecendo aos clientes dessas empresas a opção de parcelar as compras em até 4 vezes.

Para pagar com a UME, o cliente precisa baixar o app da startup e passar por um processo de aprovação de crédito que normalmente leva 5 minutos.

Depois da compra, a fintech paga os varejistas em D+2, cobrando uma taxa de desconto por isso. Ela também ganha um juro que é pago pelo consumidor.

Fundada em 2019, a startup já opera com 76 varejistas em Estados como Amazonas, Roraima e Rondônia. No ano passado, ela fez R$ 26 milhões em empréstimos para 47 mil usuários diferentes. Esse valor deve subir para R$ 150 milhões este ano, com a startup emprestando para 190 mil clientes.

Com a rodada de hoje, a UME vai começar sua expansão no Nordeste com a meta de chegar a 450 varejistas até o final do ano.

“Esse mercado de crediário é de R$ 200 bilhões por ano, mas era operado até agora basicamente por alguns poucos grandes varejistas,” Berthier Ribeiro, o cofundador da UME e um ex-sócio da Méliuz e ex-analista da área de special situations do BTG, disse ao Brazil Journal. “Ele também está muito defasado em termos de experiência do consumidor e tecnologia.”

A UME está tentando turbinar esse produto melhorando a experiência do usuário e usando tecnologia para aprimorar a concessão de crédito. Seu aplicativo se conecta aos parceiros varejistas e o usuário consegue acompanhar suas dívidas e pagar as parcelas.

A startup nasceu da tese de doutorado de Edlen Montegran e Marco Cristo, o último  cofundador da fintech. Ambos são PhDs em ciência da computação pela UFMG e estavam desenvolvendo uma rede neural profunda com o objetivo de melhorar a precificação de modelos de concessão de crédito.

Ao ficar sabendo do projeto por meio de seu pai, Berthier Ribeiro-Neto – cujo trabalho acadêmico fez o Google montar um centro de P&D na América Latina – Berthier foi conversar com os dois programadores para entender melhor o que eles estavam fazendo. Depois da primeira conversa, já queria levar a ideia da academia para o mercado.

Segundo ele, a tecnologia de precificação de crédito é um dos grandes diferenciais da UME.

“Nosso modelo é capaz de aumentar em 30% o nível de aprovação de crédito,” disse ele. “E ele faz isso mantendo o mesmo risco de crédito, a mesma inadimplência de outros modelos tradicionais.”