A Ambar — uma startup que tenta aumentar a eficiência dos canteiros de obras — acaba de adquirir a Autodoc, uma empresa de software as a service que ajuda construtoras a gerir o processo de construção.

A transação amplia a vertical de software da Ambar e acrescenta mais uma peça em sua estratégia de digitalização da construção civil.  

11706 046a999f cf5c 151d 2c10 e4ced224f548A Ambar está pagando R$ 76 milhões por 100% da empresa — em dinheiro e ações — mas o valor pode subir para R$ 100 milhões incluindo o earnout. Os fundadores da Autodoc, Ana Ribeiro e Thiago Pinto, vão continuar à frente do negócio. 

A Ambar nasceu oito anos atrás focada na construção modular: ela fabrica peças pré-moldadas e depois as despacha para as construtoras, que fazem a montagem como uma espécie de “Lego”. 

Esse tipo de construção offsite já é relativamente comum no setor, mas a fabricação tipicamente é feita projeto a projeto, sem padronização e escala. 

“Nosso grande diferencial foi conseguir identificar padrões comuns a todas as obras e criar módulos de paredes extremamente padronizados, dando escala ao processo e gerando eficiência,” Bruno Balbinot, o fundador da Ambar, disse ao Brazil Journal. “A parede de um banheiro sempre vai ter uma privada, um interruptor e uma entrada pro chuveiro, por exemplo.” 

Ao usar a solução da Ambar, as construtoras diminuem em 70% a mão de obra necessária nos canteiros, ao mesmo tempo em que reduzem a zero a geração de resíduos.

A startup já fabricou mais de 350 mil unidades e atende cerca de 700 construtoras — incluindo Cyrela, MRV, Direcional e Tenda — que pagam um valor por cada unidade construída. 

A Ambar também entrou há três anos no mercado de software, criando soluções que ajudam na gestão da jornada da construção — começando pela compra dos insumos por meio de um marketplace e pela gestão da obra. 

A compra da Autodoc dobra a aposta da empresa na estratégia de SaaS.

A Autodoc criou um software — chamado Autodoc Projetos — que simplifica todo o processo de criação de um projeto para a construção de um prédio. 

Nessa etapa, há uma interação intensa entre os diferentes agentes envolvidos na construção — arquitetos, projetistas de estrutura e projetistas de instalação, por exemplo — que criam diferentes versões do projeto, que precisam ser organizadas e gerenciadas. O software da Autodoc ajuda a desenrolar esse emaranhado de arquivos. 

Outro produto da Autodoc é o GD4 — que gerencia a relação das construtoras com seus diversos fornecedores de serviços, como pintores e instaladores. 

Na prática, isso permite um controle da documentação dos fornecedores e de todos os funcionários que estão acessando diariamente a obra — digitalizando um controle que era feito de forma analógica e reduzindo os riscos trabalhistas.

A Autodoc já tem 60 mil usuários e teve um anual recurring revenue (ARR) de R$ 30 milhões no mês passado. Para efeito de comparação, o ARR da Ambar foi de R$ 235 mi no mesmo período e a empresa deve faturar R$ 185 milhões este ano.

Desde que foi fundada há 18 anos, a Autodoc sempre operou no breakeven e cresceu com as próprias pernas. Ana fundou a empresa depois de trabalhar como engenheira civil em grandes construtoras; Thiago entrou na empresa com 16 anos como menor aprendiz e virou sócio após quatro anos de estrada. 

A Ambar já levantou R$ 150 milhões nos últimos anos com fundos como TPG, Igah Ventures e Endeavor Catalyst, além de investidores-anjo como Pedro Cavalcanti Sirotsky, da Barrah/B1.