Depois de Jeff Bezos e da viúva de Steve Jobs, outro bilionário do mundo “tech” decidiu comprar uma grande marca do jornalismo impresso.

Marc Benioff, o fundador da Salesforce, acaba de pagar US$ 190 milhões em cash pela icônica TIME, a primeira revista semanal de notícias dos Estados Unidos e uma das publicações mais influentes do País ao longo do século 20.

O título está sendo revendido pela Meredith – especializada em revistas de lifestyle – apenas oito meses depois de a editora ter concluído a compra da Time Inc., a empresa que controla a revista e diversas outras publicações, por US$ 2,8 bilhões.

A Meredith já havia anunciado em março que procurava um comprador para a TIME e para outros três títulos do grupo: Fortune, Money e Sports Illustrated.

Benioff disse ao The New York Times que a compra da revista foi motivada por seu desejo de preservar o título – que ele lê desde jovem. A TIME passa por um momento difícil: sua circulação caiu de mais de 3 milhões de exemplares no primeiro semestre do ano passado para cerca de 2 milhões em junho deste ano.

Já a receita da Time Inc. encolheu mais de 8% no ano passado, levando a empresa a demitir 300 funcionários.

A TIME vem tentando compensar a queda nas receitas do impresso com um investimento forte no digital, principalmente com a produção de vídeos. Os resultados têm sido modestos – pelo menos em termos de audiência. Seu site chegou a 30 milhões de usuários únicos mensais em julho, frente a 27 milhões no mesmo mês do ano passado, segundo a comScore.

Fundada em 1923 por Henry Luce e Briton Hadden, dois ex-alunos da Yale, a TIME nasceu com a proposta de contar as histórias de maneira breve (seu primeiro slogan foi “Take Time – It’s brief”) e por meio da visão de pessoas – e não como uma descrição objetivo dos eventos.

A revista ganhou fama por sua premiação “Person of the Year”, que há 80 anos elege a principal personalidade ou ideia do ano.

A compra é o investimento mais recente de um bilionário no jornalismo impresso. Em 2013, Jeff Bezos pagou US$ 250 milhões pelo The Washington Post e fez uma verdadeira virada no jornal centenário. Quatro anos depois, Laurene Powell Jobs, a viúva do fundador da Apple, comprou a revista The Atlantic; e, no início deste ano, o bilionário Patrick Soon-Shiong adquiriu o Los Angeles Times.

Numa nota aos funcionários da TIME, Benioff – que fundou a Salesforce em 1999 e tem uma fortuna estimada em quase US$ 7 bilhões – e sua mulher, Lynne, começaram o novo relacionamento com elegância.

“A TIME é um tesouro da história e da cultura mundial,” escreveram. “Temos profundo respeito por toda a sua organização e estamos honrados em ter a TIME como parte de nosso portfólio de investimentos de impacto. O poder da TIME sempre foi sua capacidade inigualável de contar histórias sobre as pessoas e as questões que nos afetam e nos conectam a todos. Lynne e eu não assumiremos nenhuma responsabilidade operacional pela TIME, e queremos ser apenas os guardiães dessa marca histórica e icônica com todos nós.” 

Mas os Benioffs querem que a publicação agora comece a pensar grande (“big, really big”), e a longo prazo.

“Como a TIME será em 2040? O que ela significará para as pessoas daqui a várias décadas?”, Benioff perguntou aos jornalistas.

O dilema da TIME resume bem os questionamentos de toda a mídia impressa.

 

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