A PetroRecôncavo precificou seu IPO a R$ 14,75 por ação, uma oferta que leva mais um player de petróleo para a Bolsa e consolida a exploração de campos maduros como um nicho crescente de um setor petrolífero em transformação.

Somando as três empresas que operam no setor, o valor de mercado combinado já é de R$ 25 bilhões, quase 10% do valor da Petrobras.

A companhia vendeu 70 milhões de ações, levantando R$ 1,03 bilhão a um valuation de R$ 3,5 bilhões (post money). 

O preço foi um desconto em relação à faixa indicativa original, que ia de R$ 15,50 a R$ 19,50. 

O book foi dominado por fundos long-only locais, e as 10 maiores alocações ficaram com 62% da oferta; o varejo ficou com 10% do total.

O Opportunity — cujo braço de private equity é um dos três acionistas originais da companhia — colocou uma ordem de R$ 206 milhões, comprando cerca de 14 milhões de ações, o suficiente para não ser diluído. 

A PetroRecôncavo nasceu em 1997 como um experimento da Petrobras: ceder a um player privado a operação no Recôncavo Baiano, o berço do petróleo no Brasil, em troca de uma participação nos resultados. 

Três acionistas se juntaram no empreendimento: a PetroSantander (uma empresa americana com operações na Colômbia de campos maduros), o Opportunity e o Grupo Perbras, da família Santos, uma empresa de sondas cujo controlador, Eduardo Santos, é próximo a Daniel Dantas.

Antes do IPO, o Opportunity tinha cerca de 35% da empresa, a PetroSantander outros 49% e o Grupo Perbras os 16% restantes.

Na época, a expectativa dos três era de que a Petrobras logo começasse a vender seus campos maduros, dando origem a uma indústria hoje ocupada pela PetroRio, a 3R e a própria PetroRecôncavo. 

Nem tudo saiu como planejado. No roadshow do IPO, um executivo da PetroSantander brincou que o grande erro da empresa foi investir no negócio “30 anos antes da hora.” Foi só na gestão Pedro Parente e Roberto Castello Branco que a Petrobras começou a vender os campos maduros terrestres. 

A PetroRecôncavo hoje tem 3 campos; Potiguar, Miranga e Recôncavo, que juntos produzem 15 mil barris por dia.  Ao revitalizar esses campos, a companhia espera que a produção suba para 34 mil/dia até 2026.

M&As também são uma opcionalidade. A companhia pode dobrar sua produção atual comprando uma parte dos campos que a Petrobras pretende vender no futuro próximo, que juntos produzem 67 mil barris/dia.

Outro vetor de crescimento para a companhia é a renegociação dos contratos com a Petrobras, que vencem até 2023. Os contratos atuais embutem descontos salgados em relação ao preço do Brent no mercado internacional — e investidores esperam que a companhia os renove em termos mais favoráveis, dado que seu petróleo e gás são de alta qualidade.

Em Potiguar, o maior campo da companhia, a expectativa é que o desconto, hoje em US$ 10 por barril, caia para cerca de US$ 2.

“O valuation foi bem razoável, perto do que eles pagaram pelos três ativos da Petrobras que eles operam hoje,” diz um gestor que entrou na oferta. “Além disso, há uma avenida clara de crescimento.”

Os coordenadores foram Itaú BBA, Morgan Stanley, Goldman Sachs e Safra.