A 2TM — a holding que controla a bolsa de criptoativos Mercado Bitcoin — está comprando uma gestora de fundos e uma DTVM, complementando sua oferta de produtos e tentando aumentar a interseção entre as criptomoedas e o mercado financeiro tradicional.  

11471 38f9fe4a ddf0 dfee 69b3 a82d55082e8cA empresa comprou 100% da ParMais, uma gestora de Florianópolis com R$ 600 milhões sob gestão, e uma participação minoritária “relevante” na FIDD, que presta serviços de administração e custódia, além de operar como DTVM.

O Mercado Bitcoin pretende usar a gestora como plataforma para lançar uma série de fundos próprios de criptoativos, aumentando o conforto do potencial cliente: hoje, muitos investidores querem se expor às criptomoedas mas preferem a facilidade e (suposta) maior segurança de investir por meio de sua própria corretora e num mercado regulado. 

Já a FIDD vai complementar a oferta do MeuBank, a wallet que acaba de ser lançada pela 2TM e permite aos clientes acompanhar sua posição em criptomoedas e outros ativos digitais, negociá-los, bem como receber e fazer pagamentos.

Com a FIDD, o MeuBank passa a distribuir também produtos e fundos tradicionais (de ações e multimercado, por exemplo) para essa base de clientes. 

“O mercado de cripto e o financeiro vão se tornar um só,” Gustavo Chamati, o fundador do Mercado Bitcoin, disse ao Brazil Journal. “Essas aquisições estão dentro dessa visão de longo prazo de aproximação com o mercado regulado.”

As aquisições acontecem quatro meses depois da 2TM levantar um ‘Series A’ com a GP Investimentos e a Parallax Ventures — a primeira rodada de capital da empresa. O valor da captação não foi divulgado, mas a 2TM disse que tem R$ 200 milhões para investir este ano, entre os recursos da rodada e geração de caixa. 

Gustavo fundou o Mercado Bitcoin junto com seu irmão Maurício em 2013, uma época em que o bitcoin valia menos de R$ 200 e quem falasse que investia em criptomoedas era tachado de maluco. Hoje, mesmo depois da queda da última semana, um bitcoin negocia acima de R$ 200 mil.

De lá para cá, o Mercado Bitcoin se tornou a maior exchange da América Latina, surfando como ninguém o crescimento e a volatilidade do mercado de criptomoedas. (Apesar do nome, o Mercado Bitcoin opera com mais de 30 ativos e em muitos dias o bitcoin já não é a criptomoeda mais negociada na plataforma). 

A exchange tem 2,7 milhões de clientes cadastrados (quase o mesmo número de investidores da B3), dos quais cerca de 1 milhão são ativos. 

O volume transacionado — que ano passado foi de R$ 6,5 bilhões — já passou de R$ 20 bi nos primeiros quatro meses deste ano. Para se ter uma ideia, isso é mais do que tudo que havia sido movimentado na plataforma de 2013 até o final do ano passado (R$ 18 bilhões). 

A receita do Mercado Bitcoin vem de um fee cobrado cada vez que um negócio é fechado na plataforma. Segundo o site da empresa, as taxas variam de 0,015% a 0,7%, o que dá um bom indicativo da receita da companhia. 

Gustavo diz que o Mercado Bitcoin ainda responde por mais de 90% da receita da 2TM, mas que a ideia é pulverizar cada vez mais essa receita entre os outros negócios da holding. 

A 2TM também é dona da Bitrust, que faz a custódia para o Mercado Bitcoin; da MBDA Digital Assets, de tokenização de ativos; da Clearbook, uma plataforma de equity crowdfunding baseada em blockchain; e da MezaPro, uma espécie de mercado de balcão para grandes clientes — sem falar no MeuBank e na Blockchain Academy, o braço de educação. 

Com essas sete verticais o ecossistema da 2TM já está completo, disse o fundador. A ideia daqui para frente é fazer outras aquisições parecidas com as de hoje: empresas que agreguem novos produtos e ofertas.