Um consórcio liderado pelo Saudi Arabia Public Investment Fund (PIF) acaba de comprar 100% do clube de futebol inglês Newcastle United Football — colocando fim a uma negociação que levou mais de 18 meses. 

O consórcio está pagando em torno de £ 300 milhões pelo time, com o PIF responsável por 80% do valor. 

Para quem não acompanha futebol, o Newcastle é um clube importante da Inglaterra — ele está na primeira divisão da Premier League e tem uma base robusta de fãs — mas está sofrendo nos últimos anos com uma baixa capacidade de investimento e decisões equivocadas de seu antigo controlador.

Segundo a Reuters, o PIF está pagando o equivalente a 1,7x a receita que o clube teve no último ano pré-pandemia — um múltiplo considerado baixo.

O Manchester United e o Juventus — ambos listados na Bolsa — negociam a 4,1x e a 2,1x, respectivamente. 

O Newcastle estava nas mãos de Mike Ashley, um empresário do ramo de artigos esportivos que comprou o clube em 2007. 

Segundo Lucas Filus, colunista do site Footure, especializado em futebol, a gestão de Mike levou o time à “irrelevância.” 

“O departamento comercial do Newcastle está faturando menos agora do que em 2007. A falta de estratégia se somou à estagnação da estrutura — estádio, centro de treinamento e afins — e poucas empresas tiveram interesse em expor seu nome em uma camisa que estava em constante desvalorização. A solução foi uma super-exposição da Sports Direct [a empresa de Mike Ashley] em tudo,” escreveu o colunista no ano passado. 

A transação lembra a compra do Manchester City pelo Abu Dhabi United Group em 2008.  De lá para cá, a holding investiu estimados £ 1 bilhão para transformar o City num dos principais clubes de futebol da Inglaterra, capaz de rivalizar com gigantes como Manchester United e Liverpool. 

Considerando os últimos dez anos, o Newcastle gerou o quarto maior lucro somado entre todos os 20 times da Premier League. Seu estádio, o St. James Park, é o oitavo maior da Inglaterra. 

Os novos donos do time devem tentar aumentar as receitas comerciais em algumas frentes, Guilherme Quintal, um brasileiro que trabalha no PIF, disse ao Brazil Journal. 

Os patrocínios, merchandising de produtos e outras fontes de receita semelhantes representavam apenas 15% das vendas do Newcastle antes da pandemia, comparado a 44% no Manchester United.