A General Atlantic está em conversas avançadas com a Neon Pagamentos para uma injeção de capital, validando a tese de investimento em bancos digitais e jogando o peso de sua chancela por trás da startup fundada por Pedro Conrade.
 
Se concretizado, o investimento dará à GA uma participação minoritária no banco, que já tem como parceiro o Banco Votorantim.
 
Não há garantias de que o negócio será fechado, mas, segundo fontes próximas à situação, a GA considera que o Neon oferece a melhor solução de conta corrente gratuita do mercado, além de cartões pré-pagos e do cartão de crédito.  A gestora também se interessou pela tecnologia (full stack banking) desenvolvida internamente pelos fundadores, que se traduz em baixo custo e numa melhor experiência para o usuário. 
 
O Neon se parece com outro investimento feito pela GA este ano:  o Chime, um banco digital com sede em São Francisco e focado em clientes millennials. Em março, o Chime levantou US$ 200 milhões numa rodada Series D que o avaliou em US$ 1,5 bilhão — o maior valuation entre os bancos digitais americanos.  A GA participou da rodada, liderada pela DST Global. O Chime já tem mais de 3 milhões de correntistas.
 
Não há dados públicos recentes sobre o número de correntistas do Neon, mas o banco ainda tem que trabalhar para ganhar escala. Segundo um relatório do BTG Pactual sobre o Banco Inter publicado esta semana, o número de “usuários ativos diários” do Inter são 3 a 4 vezes maiores que os do Neon e do Banco Next. 
 
“Os números mostram que o Nubank e o Inter tem mostrado crescimento contínuo, o que mostra um ‘referral’ [recomendação de um cliente para outro em potencial] relevante, enquanto os outros bancos digitais mostram alguns picos, o que sugere que crescem quando fazem alguma campanha,” um analista disse ao Brazil Journal.
No começo do ano passado, o Neon levantou R$ 72 milhões numa rodada Series A dos investidores Propel Ventures, Monashees, Quona, Omydiar Network e Yellow Ventures.
 
A Yellow é um veículo de investimento dos sócios Jean Sigrist, ex-diretor do Itaú e ex-sócio da Guide; Patrick Sigrist, um dos fundadores do iFood; e Norberto Giangrande, o fundador da corretora Rico.
 
Tudo ia bem até que, em 4 de maio de 2018, o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Banco Neon, causando consternação no ecossistema de fintechs. O problema: o Neon operava sob a carta patente do antigo Banco Pottencial, um banco de Belo Horizonte que fizera um acordo operacional com a empresa de Conrade, a Neon Pagamentos (anteriormente conhecida como Controly). 
 
O acordo operacional causava confusão sobre as pessoas jurídicas envolvidas, mas o BC foi taxativo em dar um atestado de ‘nada consta’ à Neon Pagamentos.
 
Com a ajuda do BC, o Neon reagiu rápido.  Cerca de 72 horas depois da liquidação, o Banco Votorantim e a Neon Pagamentos firmaram uma parceria estratégica pela qual o Votorantim assumiu os serviços de custódia e movimentação das contas de pagamento da Neon, restabelecendo os serviços da fintech.