A Arezzo&Co está comprando a Reserva numa transação que inaugura uma estratégia de vestuário e lifestyle numa companhia que há 48 anos é sinônimo de calçados — e abre uma larga avenida de crescimento para a empresa dos Birman, pessoas próximas à transação disseram ao Brazil Journal

11201 4fc165a4 f276 ef35 75ed aef1beb5cec8A Arezzo&Co está pagando R$ 715 milhões: R$ 225 milhões em dinheiro e o restante em ações. Os atuais acionistas da Reserva ficarão com 8,7% da Arezzo&Co, que ontem valia R$ 4,8 bilhões na B3.

A transação — em meio a uma pandemia que colocou o varejo de pernas pro ar e obrigou os CEOs a pensar fora da caixa — é o primeiro passo da Arezzo em direção à consolidação do setor de moda no Brasil, e vem três meses depois do Grupo Soma fazer seu IPO, levando ao mercado marcas como Farm e Animale. 

Rony Meisler — o energético marqueteiro que ao longo de 16 anos transformou um singelo picapau vermelho numa das marcas de vestuário mais desejadas do País — será o CEO da AR&Co, uma nova subsidiária da Arezzo que servirá de plataforma para novas aquisições em vestuário. (AR de ‘Arezzo e Reserva’ e de ‘Alexandre e Rony’.)

A Reserva — que faturou cerca de R$ 400 milhões ano passado — tem 78 lojas próprias e 32 franquias. Cerca de 25% das vendas da empresa começam na internet. 

Uma pesquisa de mercado feita pela Arezzo revelou que a Reserva tem um recall maior que seu faturamento, sugerindo que o caráter aspiracional da marca poderá ser monetizado com uma capilaridade maior. 

10799 3093a5f1 6aa2 1e25 5b4b a9f11b3a021eA Arezzo pretende implementar seu modelo de gestão de franquias nas seis marcas da Reserva, que incluem a marca homônima (53 lojas próprias e 32 franquias); a marca infantil Reserva Mini (14 lojas); a Oficina Reserva (3 lojas); a marca de moda feminina Eva (8 lojas); a Reserva Ink., que imprime camisetas personalizadas pela internet; e a Reserva Go, o conceito de loja de calçados lançado pelo Reserva recentemente. 

Boa parte das sinergias da transação virão justamente da área de calçados, que já representa mais de 12% do faturamento da Reserva e será facilmente escalável dada a expertise da Arezzo no assunto e sua cadeia de fornecedores no Vale dos Sinos. 

Como não tinha expertise em calçados, até recentemente a Reserva licenciava sua marca a um fabricante que vendia diretamente para franquias e multimarcas, deixando a Reserva com uma fatia menor do economics. A Arezzo vai inverter essa lógica. 

Sinergias de custos como contratos de aluguel com shoppings e taxas de cartão de crédito também existem, mas não são o foco da transação, segundo as fontes. 

Depois da transação, Anderson e Alexandre Birman ficarão com 45,8% da companhia — a primeira vez abaixo de 50% do capital. Na essência, pai e filho estão abrindo mão do velho paradigma de controle, sagrado para tantas famílias brasileiras, em nome do crescimento da companhia. Rony Meisler ficará com 3,8%.

Tanto Rony quanto os outros três cofundadores — Fernando Sigal (responsável por product development), Jayme Nigri (COO), e José Alberto da Silva (tecnologia) — terão lockup nas ações e contratos de trabalho de longo prazo. 

Dynamo e Igah Ventures — que juntas detinham 35% da Reserva — ficarão com 3,5% da Arezzo como resultado da transação. 

Itaú BBA e Stocche Forbes Advogados assessoraram a Arezzo. 

UBS BB e Pinheiro Guimarães Advogados assessoraram a Reserva.