A Blu — uma fintech que reduz o custo de financiamento do varejo junto à indústria colateralizando recebíveis de cartão — acaba de levantar R$ 300 milhões com o Warburg Pincus.

A Blu está no centro da revolução de pagamentos. A startup — que processou R$ 3,5 bilhões ano passado para 15 mil lojistas e 2.500 fornecedores parceiros — é uma das maiores beneficiárias da nova regra do BC que acabou com a trava de domicílio bancário no uso de recebíveis de cartão para efeito de concessão de crédito. A nova regra entrou em vigor há um mês.

A rodada Série B é majoritariamente primária, mas tem um componente secundário. A G2D, holding de investimento em tecnologia da GP, tinha 24% da Blu desde 2019 e está vendendo uma participação não revelada por R$ 54 milhões. 

A Blu nasceu em 2013 para tentar resolver um problema que aflige nove em cada dez pequenos varejistas. Tipicamente, os clientes parcelam a compra em várias vezes no cartão, mas o fornecedor só vende o produto com um prazo de 30 a 90 dias. 

Para ter capital de giro, o varejista tem que antecipar o recebível com o adquirente, que costuma cobrar taxas de 2% a 2,5% ao mês dos pequenos varejistas, o equivalente a 500% do CDI. 

A Blu oferece um marketplace digital para viabilizar o uso desses recebíveis como colateral nas transações B2B, reduzindo para perto de zero a inadimplência e permitindo que a indústria conceda prazos maiores ou taxas menores. 

A empresa opera tanto com recebíveis performados quanto com o chamado crédito fumaça, em que a instituição financeira dá o crédito baseado nas vendas futuras do tomador, levando em conta seu histórico de vendas.

A nova regra do BC muda o jogo para a Blu porque até agora ela só podia fazer essas operações com os recebíveis que fossem gerados em suas próprias maquininhas de cartão. Agora, o varejista que acessar a plataforma poderá usar recebíveis gerados em maquininhas da Stone, Cielo e Getnet, por exemplo, para tomar crédito. 

A Blu vai usar os recursos da rodada para investir em gente, tecnologia e para entrar em novas verticais. 

Fundada em 2013 pelos cariocas Bruno Giannini e Luis Marinho, a Blu começou atendendo a indústria de móveis e hoje opera com colchões, eletrodomésticos, bares e restaurantes, óticas, vestuário e calçados. 

Agora, planeja entrar em distribuição de combustíveis, farmacêuticas e material de construção. 

“Cada vertical tem uma modelagem diferente porque tem características diferentes,” o CFO Rafael Sobral disse ao Brazil Journal. “Os vários setores trabalham com volumes, prazo de pagamento e margens muito diferentes entre si, e construímos a plataforma levando tudo isso em conta.”

Com o caixa da rodada, pela primeira vez a Blu também deve começar a  alocar capital proprietário em parte das operações que gera na plataforma. 

Os fundadores da Blu têm perfis complementares. Bruno, um empreendedor serial há 15 anos, foi o fundador da IngressoMais, a primeira tiqueteira do Brasil. Marinho era um executivo de carreira, com passagens pela KPMG e Shell. 

A empresa está no processo de constituir um conselho. Bruno continuará como CEO e Luis será o chairman.