O Banco Pan acaba de comprar a Mosaico — a dona dos sites de compras Buscapé e Zoom — numa transação que alarga o funil de vendas do banco, acelera sua estratégia de marketplace e aumenta suas competências em tecnologia.

O Pan está pagando um prêmio imediato de 27% sobre o fechamento da Mosaico na sexta-feira, mas o prêmio pode subir para 43% se a ação do banco fechar acima de R$ 24 por 3 dias seguidos nos próximos 30 meses. 

11701 45c39c64 2ccf d6d7 7c90 14a8acae6efbNa sexta-feira, a ação da Mosaico fechou a R$ 12,62, com a companhia valendo R$ 1,6 bilhão. Já o Pan valia R$ 20,9 bilhões, com sua ação fechando a R$ 17,31. 

O acionista da Mosaico receberá 0,80 ação do Pan para cada ação que detiver na companhia de tecnologia. Além disso, receberá um bônus de subscrição com valor de face de R$ 4 a ser pago em ações do Pan — se a ação do banco atingir os R$ 24 estipulados pela regra.

(Pelo modelo de Black & Scholes, o bônus deveria negociar na largada com um desconto de cerca de 50% do valor de face, ao redor de R$ 2,16). 

Mas o bônus de subscrição pode nem chegar a ser negociado na Bolsa. Com o closing da transação estimado para o início de 2022, se a ação do Pan bater os R$ 24 até lá, o bônus será incorporado à relação de troca, que subiria para 0,96. 

Os acionistas da Mosaico inicialmente ficarão com 7,9% do Pan, mas a fatia sobe para 9,2% se o bônus de subscrição for convertido. 

A transação representa um atalho para o Pan, que se preparava para criar seu próprio marketplace.

Agora, o banco ganha o da Mosaico, que já fez R$ 4,2 bilhões em GMV nos últimos doze meses; para efeito de comparação, o Inter Shop, o marketplace do Inter, fez R$ 2,4 bilhões de GMV no período. 

Mas mais do que isso, o negócio leva para dentro do Pan os três fundadores da Mosaico — cada um com mais de 20 anos no mercado de tecnologia e submetidos a lockups de 18, 24 e 30 meses para cada terça parte de suas ações — além de herdar o pipeline de M&A da companhia.  

Somando as 300 pessoas trazidas pela Mosaico, o Pan agora tem mais de mil pessoas trabalhando em tecnologia. 

“Estamos juntando uma companhia nativa em banking com uma empresa nativa em tech para ter uma oferta completa de consumo e banking,” o CEO do Pan, Carlos Eduardo ‘Cadu’ Guimarães, disse ao Brazil Journal agora à noite.

A junção dos dois negócios cria inúmeras oportunidades de cross-selling. 

O Pan vai levar tráfego para os sites da Mosaico ao incorporar o marketplace da empresa em seu app, ao mesmo tempo em que a Mosaico passará a oferecer os produtos do Pan, como crédito e seguros, para os 22 milhões de usuários únicos que acessam seus sites todos os meses. 

“O negócio de banking tem uma recorrência natural muito grande, e isso é o ‘holy grail’ do ecommerce. Temos oportunidade de capturar essa atenção do consumidor e mostrar alguma coisa de valor já conhecendo quem ele é,” disse Guilherme Pacheco, o chairman da Mosaico, que passará a integrar o board do Pan. “Com isso, fazemos o lock-in desse consumidor dentro desse ecossistema que estamos criando.”

O outro cofundador da Mosaico, José Guilherme Pierotti, será o head de ecommerce do Pan.  Mauricio Cascão, o CEO, também seguirá à frente da operação. 

Morgan Stanley assessorou a Mosaico, que teve aconselhamento jurídico do Mattos Filho. 

O Machado Meyer fez a parte legal para o Pan.