Paulinho da Viola eternizou em sua música a ideia de que “dinheiro na mão é vendaval, é vendaval…”

A Standard & Poor’s não poderia concordar mais — ainda mais quando se trata das empresas de tecnologia americanas, que, graças ao Governo Trump, poderão acessar a fortuna que guardavam em paraísos fiscais como a Irlanda.

Numa nota publicada hoje, a agência de análise de risco disse que o perfil de crédito de gigantes como Apple e Alphabet pode piorar quando elas botarem a mão no butim, e que o setor de tech “poderá nunca mais ser o mesmo.”

A S&P acha que as empresas adotarão “políticas financeiras mais agressivas em resposta a um maior acesso ao caixa que está fora do país.” 

Para os acionistas, a notícia não é necessariamente ruim: a tendência é que as empresas comecem a distribuir o caixa que estava offshore via recompras e dividendos.

A Apple já sinalizou que vai esbanjar: após a divulgação dos resultados semana passada, a companhia sinalizou que pretende gastar os US$ 163 bilhões que tem em caixa e ficar mais próximo de uma posição de caixa ‘neutra’. 

E a S&P acha que outras empresas podem seguir o mesmo caminho. Microsoft, Alphabet, Cisco e a Qualcomm são outras empresas com um caminhão de dinheiro a repatriar.

A S&P alerta que a situação é pior para empresas que tem tanto dívidas quanto caixa fora do País. Se elas fizerem a repatriação, repassarem o caixa para os acionistas e mantiverem os passivos no balanço, podem sofrer rebaixamentos nos ratings. Nesse grupo estão a Oracle, a HP e a Intel.

Pelas novas regras aprovadas pelo Congresso, as empresas americanas tem de pagar um imposto entre 8% e 15,5% sobre os ganhos auferidos fora do país desde 1987 se eles forem mantidos offshore. Após esse pagamento, elas podem repatriar o dinheiro sem pagar impostos adicionais. Sob a lei antiga, a alíquota era de 35%.