O Citigroup planeja sair do varejo bancário no Brasil e na Argentina, países em que opera há mais de 100 anos, segundo a Bloomberg, que cita uma fonte familiarizada com o assunto .

Segundo a fonte, a saída do banco deve ser anunciada nas próximas semanas. Citi-logo

Com 71 agências no Brasil, o Citi atende a uma clientela de altíssima renda, mas tem sido incapaz de rentabilizar este ativo pelo fato mais fundamental da indústria bancária: o imperativo da escala.

Com cerca de 60 bilhões de reais em ativos, o Citi é apenas o décimo maior banco comercial brasileiro. Para comparar: o Banco do Brasil tem 1,3 trilhão de reais em ativos, o Itaú, 1,1 tri, e o [Bradesco+HSBC] dá outro trilhão. Os dados são do BC, de dezembro de 2014.

De certa forma, Brasil e Argentina são vítimas tardias de uma revisão global nos negócios do banco. Em outubro de 2014, o Citi anunciou que estava abandonando 11 mercados emergentes: Costa Rica, República Tcheca, Egito, El Salvador, Guam, Guatemala, Hungria, Japão, Nicarágua, Panamá e Peru, além de sair do negócio de crédito ao consumidor na Coréia do Sul. Na época, o Citi divulgou que sua saída destes países reduziria sua despesa operacional em 1,34 bilhões de dólares, mas seu lucro líquido, em apenas 34 milhões de dólares — uma prova cabal de que, sem escala, don’t even bother.

Olhando de fora, o problema para o Citi parece ser encontrar um comprador no Brasil.

A saída vem num momento em que os três maiores bancos do País já operam com relativo sucesso no nicho do Citi: o Itaú com o Personnalité, o Bradesco com seu Prime, e o Santander com o Van Gogh.

O grande potencial interessado, o Bradesco, em tese está ocupado com a gigantesca integração do HSBC — aliás, uma operação ainda à espera de um OK do CADE — ainda que, a título de especulação, a possibilidade de uma compra casaria com o fato de Bradesco e Banco do Brasil estarem negociando os 49% da credenciadora de cartões Elavon que pertencem à Credicard .

Outro potencial comprador, o Itaú, fez uma compra semelhante há exatos 10 anos, quando adquiriu a rede do BankBoston no Brasil, mas ultimamente está tentando converter sua presença física numa plataforma ‘digitau’ .

“Qualquer outro comprador — por exemplo, um banco menor — enfrentaria dois problemas: estaria comprando um negócio sem escala e, uma vez que a marca Citi saia da fachada, pode ter muito cliente trocando de banco,” diz uma fonte que conhece bem o setor.

Resta ver, ainda, se a venda vai se confirmar. Talvez nenhum outro banco tenha sido tão objeto de rumores no Brasil quanto o Citibank. Há pelo menos 20 anos, múltiplos boatos ‘garantem’ que o banco será vendido ‘em breve’ para o velho Unibanco, o Itaú ou o Bradesco, sem que nada aconteça de fato.

Para o Brasil, a saída de mais um concorrente vem agravar a concentração bancária que viu, por exemplo,  37 bancos se tornarem quatro conglomerados nos últimos 20 anos , segundo o gráfico chocante do site Value Walk reproduzido abaixo.

ValueWalk-chart