Os empresários Robinson Shiba e Carlos Sadaki acabam de recomprar a participação do fundo de investimento Laço Management na TrendFoods, a holding que controla o China in Box e os restaurantes japoneses Gendai. 

O Laço entrou na TrendFoods em novembro de 2012 — quando a empresa faturava R$ 300 milhões — e era dono de 40% do negócio, que no ano passado faturou R$430 milhões entre franquias e lojas próprias.

O plano era abrir 100 lojas próprias em cinco anos, mas a recessão abortou o processo:  a TrendFoods chegou a abrir 40 lojas em 3 anos, mas de lá para cá franqueou quase todas.  Hoje, dos 160 China in Box, apenas um é loja própria; e dos 75 Gendai, nove são próprios. Há cerca de um ano e meio, a TrendFoods também vendeu sua terceira marca, a Brevitá, de comida italiana, para um de seus franqueados.

O Laço é o braço de private equity do investidor texano Malone Mitchell, que fez dinheiro com petróleo a partir de meados da década de 80 e hoje investe na América do Sul. O Laço também é sócio dos empreendedores Bernardo Ouro Preto e Victor Leal no St. Marché — controlador do Eataly — e é dono de 100% do The Fifties.

A recompra vem num momento em que a recessão sufocou o crescimento das redes de fast food: o faturamento tem crescido apenas em linha com a inflação nos últimos dois anos e meio. 

Para tíquetes de até R$50, o setor sofreu retração de 10% no némero de comandas em 2015, seguido por uma recuperação entre 5% e 6% em 2016, na medida em que o brasileiro evitou comer fora e passou a levar mais marmitas para o trabalho.  Os dados são da Associação Nacional de Restaurantes.  

Shiba disse ao Brazil Journal que não poderia comentar a recompra por razões contratuais, mas se disse “bem conservador” com relação à economia este ano.

“Não estamos ativamente buscando franqueados. Quando aparece alguém com um bom perfil e com um capital de giro até acima do que exigimos, aí fechamos contrato. Mas ainda não estamos vendo o futuro. Toda semana aparece alguma notícia da política que aumenta a incerteza. Depois das eleições de 2018, aí acho que vamos retomar os investimentos com força.”

Um dos mais carismáticos empresários do ramo de franchising, Shiba largou uma carreira de dentista para fundar o primeiro China in Box em 1992, depois de ter sido apresentado à comida em caixinhas de papelão numa temporada de um ano nos EUA. Na época, a entrega em domicílio no Brasil era limitada a pizzas.  Em 1996 a empresa começou a franquear sua marca, e em menos de dois anos já tinha 60 lojas.  Hoje o China in Box ainda é a maior rede de delivery de comida oriental da América Latina.

O China in Box introduziu um número de inovações no mercado brasileiro: foi a primeira a usar os ‘fortune cookies’ no Brasil (os clientes inicialmente reclamavam que havia papel dentro do biscoito), desenvolveu os folhetos com fotos da comida que hoje são comuns no setor, abriu suas cozinhas à visitação pública, e inventou as mochilas térmicas usadas pelos motoboys nas entregas.