Na França, o Carrefour continua tratando o IPO no Brasil como ‘uma opcionalidade’, mas os bancos que devem ter um papel na oferta já abraçaram a causa.

Num relatório publicado na sexta passada, o analista do JP Morgan que cobre o Carrefour estimou que a operação brasileira do grupo vale € 8,5 bilhões, ou cerca de R$ 29 bilhões ao câmbio de hoje (de R$3,40).

O problema com este múltiplo é simples: o Carrefour Brasil e o seu maior concorrente, o Grupo Pão de Açúcar (GPA), são quase idênticos — mas o Pão de Açúcar vale só metade daquela estimativa na Bolsa (R$ 14,8 bilhões).

“As duas empresas têm tamanho idêntico, margens e crescimento quase iguais,” diz um gestor. “O modelo é o mesmo.”

Segundo analistas, o chamado GPA Alimentar — que exclui as vendas da Via Varejo — deve faturar este ano R$ 47 bilhões, o mesmo que o Carrefour Brasil, que segundo o JP Morgan vai faturar € 14,2 bilhões (x 3,40 = R$ 48,3 bi).

O que produz a seguinte ironia:  Para obter o múltiplo do sonho dos bancos, ou o Carrefour prova que é duas vezes melhor que o GPA, ou torce para a ação do concorrente dobrar de valor.