As ações da Hertz caíram 18% no pregão estendido da Bolsa de Nova York agora à noite.

O prejuízo da empresa no primeiro trimestre foi quase o dobro do esperado pelo mercado.

A origem da hemorragia: a dificuldade em vender seus seminovos num mercado fraco. (A Hertz está renovando sua frota, trocando carros compactos e sedans — que os clientes não querem mais — por SUVs.)

Depois do resultado de hoje à noite, a Hertz vai amanhecer amanhã valendo pouco mais de US$1 bilhão (ou R$3,2 bilhões), um terço do valor de mercado da Localiza, que é de R$ 10,5 bilhões.

Carl IcahnA diferença é ainda mais marcante quando se compara o faturamento das duas empresas.

No ano passado, a Hertz faturou US$ 6,1 bilhões (quase R$20 bi se considerarmos o câmbio a R$3,2). A Localiza faturou um quinto disso: R$ 4,4 bilhões.

O problema da Hertz é que boa parte do valor da empresa fica para os credores: a dívida líquida da locadora é de US$ 12,6 bilhões. Já a dívida líquida da Localiza é de apenas R$2,1 bilhões.

 
A história recente da Hertz tem sido um engarrafamento de erros.
 
Tudo começou com um escândalo contábil em 2014, que levou à demissão do então CEO Mark Frissora. A fragilidade da empresa levou Carl Icahna montar uma posição na ação da Hertz. 
 
Icahn nomeou o sucessor de Frissora, John Tague, que só durou dois anos no cargo.  Os prejuízos se avolumaram, forçando Icahn a dobrar a aposta na medida em que o preço caía. Hoje, ele já é dono de 33,7% da empresa.
 
Para piorar as coisas, no ano passado a Hertz mudou sua sede de New Jersey para o sudoeste da Flórida. A mudança fez a empresa perder 60% dos funcionários da matriz, gente que conhecia o negócio por dentro.
 
No meio de toda a confusão, a Hertz comprou os modelos de carros errados nos últimos anos — o erro que está sendo corrigido agora e custando bilhões em valor de mercado.
 
No fim do ano passado, a Localiza comprou a operação da Hertz no Brasil e fez um acordo para usar a marca pelos próximos 20 anos no País.