Trabalhe. As leis que ajudarão o trabalhador (e não os sindicalistas) não virão de um dia de trabalho perdido.

Nossa legislação trabalhista é dos anos 40, quando o Brasil ainda estava se industrializando e a lei tentava proteger o ‘elo mais fraco’ da relação sob o olhar paternal do Estado. 

Agora olhe à sua volta e contemple o mundo de hoje:  nem os patrões se sentem mais seguros! A tecnologia enterrou indústrias inteiras na cova rasa da irrelevância.  Homens e mulheres são substituídos por máquinas.  O que a CUT propõe no lugar?  Menos tecnologia?

Quem insiste em se guiar por Getúlio Vargas age movido por ignorância ou má fé.

Menos Getúlio, mais Carlos Wizard.

 

Trabalhe. Uma previdência que consiga nos apoiar na velhice sem desorganizar a economia não virá de um dia de trabalho perdido.

A previdência do Brasil é mais generosa do que a da maioria dos países desenvolvidos, e continuará sendo — mesmo depois da reforma em tramitação no Congresso. É, também, repleta de distorções injustas: pensões faraônicas para uma casta, aposentadorias humildes para a maioria.

A pirâmide populacional é, assim como a tecnologia, um fato da vida:  o avanço da ciência esticou a expectativa de vida, e a vida moderna ceifou as taxas de natalidade. Há hoje menos jovens trabalhando para sustentar os velhos que — não se sabe porque cargas d’água — insistem em viver mais tempo…

 

Trabalhe. Quando falta dinheiro em casa, você fica enfurnado no quarto ou sai para correr atrás?

O Brasil está começando a se recuperar da mais grave crise econômica desde 1929 — e olhe que, naquela época, o Brasil era só uma grande fazenda. A crise deixada por Dilma Rousseff desempregou 12 milhões: nossos vizinhos, tios e amigos, quando não nós mesmos.  Nos shoppings, o faturamento caiu tanto que muitos lojistas não conseguem pagar o aluguel. Sem falar nos milhares que fecharam as portas.  Você acha mesmo que, no Brasil de hoje, o patrão malvado está rindo da cara do trabalhador?

Estamos todos no mesmo barco, tomando riscos diferentes.  Quando a economia vai mal, o trabalhador corre o risco de perder o emprego; o patrão, o risco de abrir falência.

 

Trabalhe. Os sindicatos querem que você se veja como um coitado, um explorado, um indefeso, mas você é muito mais que isso.  

Não caia na lábia fácil, no discurso destrutivo do ‘nós contra eles’, numa visão de mundo simplista, ignorante, falsa.

Esta greve convocada para amanhã é o último suspiro de um corpo doente: as relações de trabalho estão mudando no mundo todo, e as centrais sindicais estão sem ideias, sem discurso, sem razão de existir.  Nos últimos 30 anos, a internet empurrou os algoritmos para o centro do capitalismo e fossilizou indústrias.  A queda do Muro de Berlim obrigou as esquerdas a se reinventarem (a maioria renasceu como social-democratas). As economias nacionais se integraram num fluxo de comércio que aniquilou fronteiras, criou mercados e semeou aos quatro ventos valores políticos mais arejados. 

E as centrais sindicais, o que propuseram de novo?  Onde está a grande marcha pela participação nos lucros?  Cadê a luta por salários iguais para homens e mulheres que trabalham lado a lado?  Onde está a iniciativa de buscar — em conjunto com as empresas — mais eficiência e produtividade, para que haja mais o que distribuir? Nada disso existe, porque isso libertaria você do coitadismo, isso te daria poder, e enfraqueceria quem quer te tutelar.

Diga não a quem quer te manter na escuridão, aprisionado ao passado, e com medo do futuro.

 

Trabalhe. O progresso não vem quando lutamos contra os fatos, mas quando lutamos para superar a escassez.

Uma greve política é como uma criança que faz beicinho porque a papinha acabou. Não adianta, neném: a papinha acabou.

Sem uma reforma das leis do trabalho — aquelas feitas na década de 1940… — e sem uma reforma da Previdência, a economia não anda, o Brasil não cresce, ninguém prospera. 

A resposta aos problemas brasileiros não virá de um dia de trabalho perdido. Amanhã à noite, os líderes sindicais estarão no Jornal Nacional posando de heróis da classe trabalhadora. Muitos garçons, vendedores, taxistas, terminarão o dia sem a gorjeta, a comissão, a corrida que paga a escola das crianças. As empresas venderão menos, lucrarão menos, contratarão menos.  

Quem ganha com isso?  Só os barbudos no Jornal Nacional, repetindo refrões de 30 anos atrás. 

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