Um após outro, os bancos de investimento visitaram Brasilia oferecendo seus préstimos para conduzir a venda, mas a resposta sempre foi que a autorização do Tesouro ainda não havia sido dada.
Esta noite, a espera acabou.
O Fundo Soberano do Brasil tem 3,67% do capital do Banco do Brasil, uma posição que vale cerca de R$ 3,5 bilhões a preços de hoje.
Apesar da indicação de que a venda será feita em até dois anos, “se alguém chegar lá com um preço razoável, sem grande desconto do mercado, eu acho que o Governo faz a operação de uma vez,” diz um banqueiro. “Até porque, a partir de agora, a ação vai underperformar [subir menos que o mercado] porque existe a expectativa de uma grande venda. Agora que já foi anunciado, é melhor acabar logo com isso.”
A intenção de extinguir o fundo soberano – o único no mundo que nasceu a partir da emissão de dívida e não com excedentes de receita – foi anunciada há um ano pelo então recém-empossado Meirelles.
Foi bom que o Governo não teve pressa. De lá pra cá a ação quase dobrou — de cerca de R$ 18 para R$ 33 — ajudada em parte por maior otimismo quanto ao PIB e em parte pela nomeação de Paulo Caffarelli como CEO.
O Governo agora terá que escolher como vender a posição. A forma mais rápida seria um ‘block trade’: nesta operação, um ou mais bancos dão garantia de preço mínimo para a venda e levam o bloco de ações à Bovespa, onde acontece um leilão de até 24 horas. Outra forma seria uma oferta nos moldes da Resolução 476 da CVM. Neste caso, pode-se organizar um roadshow com investidores e a coisa toda demora cerca de uma semana.
O setor de serviços financeiros está agitado na Bolsa. Recentemente, o fundo soberano do Qatar vendeu metade de sua posição no Banco Santander Brasil e a ICE zerou sua participação na BM&F Bovespa num block trade. Ambas as operações foram executas pela Merrill Lynch.