A J&F Investimentos — holding dos irmãos Joesley e Wesley Batista — assinou um “acordo de confidencialidade” com a Cambuhy Investimentos para negociar a venda da Alpargatas.
 
Não está claro se ‘confidencialidade’ é sinônimo de exclusividade, ou se a J&F se reservou o direito de assinar acordos iguais com outras partes.
 
A Cambuhy é o veículo de investimentos da família Moreira Salles. Seus únicos investimentos relevantes até agora são a Eneva — que se originou de um investimento na Parnaíba Gás Natural (PGN) — e na Hering, onde a Cambuhy já teve 10 milhões de ações e hoje tem 7,5 milhões, cerca de 4,7% do capital, de acordo com fato relevante de 26 de maio.
 
Segundo a repórter Vanessa Adachi, que deu a informação em primeira mão, a Cambuhy fará o investimento junto com a Gávea Investimentos.
 
No mercado de private equity, a interpretação foi de que a J&F deu publicidade ao interesse da Cambuhy para ‘esquentar’ a operação, mostrando ao mercado um player com credibilidade e deep pockets que poderia consumar a operação em um curto espaço de tempo.
 
Mas o mercado continua reticente quanto ao preço pedido pelos Batista, que, segundo gestores, gostariam de receber o que pagaram pela empresa em dezembro de 2015 corrigido pelo CDI desde então.
 
Além de achar o preço esticado — particularmente à luz dos resultados recentes da empresa — os gestores dizem que qualquer comprador terá que gastar bastante tempo analisando as implicações da Lava Jato sobre o ativo. “Tem que ver se tem como blindar a companhia de possíveis repercussões,” disse um gestor. 
 
Como reportamos com exclusividade na época, os Batista compraram a Alpargatas numa operação 100% financiada pela Caixa, dirigida então por Miriam Belchior durante o Governo Dilma Rousseff. Os Batista compraram a Alpargatas sem fazer uma due diligence aprofundada, e esperam que o próximo comprador tenha apetite para fazer o mesmo.