logo QualicorpA Qualicorp anunciou na quarta à noite a compra de dois negócios de saúde diferentes dos planos empresariais e coletivos por adesão, que são seu principal negócio.

A empresa fundada por José Seripieri Filho está pagando R$ 160 milhões em ações por duas empresas da Tempo Participações: a Connectmed-CRC, que faz o outsourcing de processos de saúde (call centers, liberação de senhas, processamento de contas médicas, etc.) e a Gama Saúde, que oferece planos administrados para grandes empresas.

Essa diversificação “para os lados” acontece num momento em que a Qualicorp já é dona de 80% do mercado de planos coletivos, o que tem levado o CADE a ser cada vez mais duro ao analisar suas aquisições.

Em 2012, a Qualicorp, então dona de 70% do mercado, anunciou a compra de sua principal concorrente, a Aliança, que tinha 10% de participação.  A superintendência-geral do CADE chegou a recomendar a reprovação daquela compra, mas os conselheiros a aprovaram no mês passado sob a condição de que a Qualicorp venda uma carteira de 140 mil vidas em planos de saúde coletivos, cerca de 7% dos 1,9 milhão de vidas que a empresa tem hoje.

Agora, para continuar crescendo, a Qualicorp terá que buscar negócios afins. Há alguns anos, a empresa começou a desenvolver internamente um negócio igual ao da Gama Saúde, mas sua operação ainda é pequena. A compra do concorrente é um atalho para a Qualicorp obter escala e qualidade.

No final de 2013, a Connectmed-CRC anunciou um contrato de longo prazo com a Petrobrás, cobrindo 250 mil vidas, o maior da história da Connectmed. Esse contrato agora vai para a Qualicorp.

Para a Tempo, os negócios de saúde eram pequenos e não rentáveis. Somada, a receita líquida anual da CRC e da Gama era pouco mais de R$ 47 milhões — para comparação, só em assistência a Tempo faturou dez vezes mais em 2013 — e a geração de caixa operacional recorrente tanto da CRC quanto da Gama foi negativa em 2013.

A Tempo sempre foi uma empresa híbrida, uma colcha de retalhos de ativos costurada pela GP Investimentos com pouca sinergia entre si. No final do ano passado, a empresa vendeu seu negócio de planos odontológicos para a Caixa Seguros, uma pequena operação de seguros para a Unimed, e, agora, a unidade de saúde para a Qualicorp.

Em troca das duas empresas, a Tempo receberá 3,35 milhões de ações da Qualicorp e o direito de subscrever mais 3 milhões de ações se as empresas sendo vendidas atingirem metas operacionais e financeiras.

A Tempo deve distribuir as ações que receber da Qualicorp para seus investidores. Os maiores acionistas da Tempo são a GP Investimentos, com 22% do capital, Dimas de Camargo Maia (19%), fundador da USS, uma das empresas que deu origem à Tempo (com 19%), e a Tarpon Investimentos, com 16%.